Médica que deixou Bolshoi e ficou em 1º lugar geral na UFMG em 2014 se arrepende de ter interrompido aulas de balé


A mineira Mariana Drummond era bailarina do Bolshoi quando interrompeu aulas de dança, aos 15 anos, para se dedicar integralmente aos estudos para o Enem. Mariana também faz vídeos informativos sobre doenças da reumatologia e da clínica médica, áreas da medicina em que atua.
Já se passaram mais de 10 anos desde que Mariana Drummond conquistou o primeiro lugar no Enem, em 2014, mas a forma com que ela leva a vida continua a mesma.
“Sou muito focada em tudo que eu me proponho a fazer. Eu não tenho o controle sobre o resultado, mas tenho controle sobre o meu esforço, e quero ter certeza que eu dei o meu melhor”, contou ela.
A estudante, que deixou as aulas de balé no Bolshoi se dedicar ao Enem, e superou mais de 7 milhões de candidatos de todo o país ao alcançar 858,54 pontos, decidiu cursar medicina na universidade federal mineira. A nota de Mariana foi a maior do Sisu em 2013.
Atualmente, está terminando a segunda residência – em reumatologia, pelo Hospital das Clínicas da UFMG. A primeira foi em clínica médica, pela Unifesp.
Durante a jornada para se tornar médica, Mariana estreitou sua relação com as mídias digitais. A jovem vestibulanda que não perdia tempo em redes sociais (sequer tinha um smartphone), atualmente usa perfis nas redes para divulgar seu trabalho. Ela cria conteúdo voltado à reumatologia e à clínica médica com o objetivo de tornar esses temas mais compreensíveis para o público em geral.
“Sempre me dediquei muito à minha profissão e busquei a melhor formação possível ao longo desses últimos dez anos. Agora, uso minhas redes sociais para levar ao público informações médicas das áreas em que me especializei”, disse ela.
Em relação às escolhas que fez no passado, Mariana tem apenas um arrependimento. Para garantir uma vaga em Medicina, abriu mão de uma grande paixão, o balé.
Mariana entrou com 12 anos na Escola Bolshoi, em Joinville (SC). Três anos depois, optou por se dedicar integralmente aos estudos para o Enem.
Arquivo pessoal
“É uma arte que faz parte da minha vida, desde que eu tinha 4 anos de idade. Durante minha infância e adolescência, fiz todo o percurso pensando em ser bailarina profissional”, contou ela.
Como ela mesmo diz, a dedicação e a determinação são parte da sua personalidade. Então, não foi uma surpresa o desejo de integrar a companhia de balé mais famosa do mundo.
Aos 12 anos, ela conquistou uma vaga para dançar pela Escola Bolshoi, na unidade brasileira que fica em Joinville (SC). Na época, Mariana se mudou junto com o pai e a mãe de Belo Horizonte para realizar o sonho de ser bailarina profissional.
Nos três anos em que ficou no Bolshoi, ela treinava seis vezes por semana, por pelo menos seis horas por dia.
“Uma rotina puxada, que aprimorou características que eu já tinha, como a determinação e a disciplina”, disse ela.
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Mudança de planos
Mas logo o sonho de se tornar médica falou mais alto. Em 2011, ela deixou o Bolshoi e voltou a morar em BH, com o objetivo de se aplicar integralmente aos estudos para conquistar uma vaga em medicina.
A persistência que tinha no balé, ela levou para os estudos. “Me lembro que eu chegava em casa depois do colégio e, no horário que anteriormente iniciava as aulas de balé, passei a começar os estudos. Por dois anos, estudei muito, realmente eu estudava o dia todo”, recordou ela
O arrependimento que ela carrega não é por ter interrompido a carreira de bailarina, já que manter a rotina de treinos e ser uma vestibulanda de medicina seria impossível. O lamento é por não ter sido mais moderada na decisão, e ter optado por não conciliar os estudos para o Enem com sua paixão pelo balé.
“Para me dedicar ao vestibular, abandonei o balé por completo. Só voltei no segundo ou terceiro ano da faculdade. Se pudesse voltar no tempo, eu teria continuado com as aulas. Obviamente não seria viável como profissional porque é uma dedicação muito intensa, mas eu poderia ter mantido a prática de forma amadora para o meu bem-estar”, avaliou ela.
A médica Mariana Drummond, de 29 anos, conquistou o 1º lugar geral no Enem em 2014
Arquivo pessoal
Ela continua com as aulas de balé, mas agora como atividade duas vezes por semana “para o corpo e a cabeça”, diz ela. Aos 29 anos, a médica tem muitos planos, como estudar fora do país e fazer doutorado, e não pretende parar de estudar tão cedo.
“Conhecimento a gente não perde nunca. E ainda podemos passá-lo para frente, multiplicando. Também não precisamos abrir mão dele para conhecer coisas novas. Vai só crescendo. Nos possibilita ter uma visão de mundo cada vez mais ampla e mais complexa”, disse ela.
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