Em novembro, Thamirys Veiga de Oliveira fará a sua primeira viagem de avião. Ela seguirá para São Paulo para participar das Paralimpíadas Escolares, evento em nível nacional. Aos 10 anos de idade, na etapa estadual, a estudante da rede municipal de ensino de Florianópolis, no dia 12 de abril, bateu o recorde escolar do país na corrida de 200 metros com o tempo de 51 segundos e 81 milésimos. Thamirys, nascida em 25 de agosto de 2014, está matriculada no 5º ano do ensino fundamental da Escola Básica Beatriz de Souza Brito e integra o projeto da Secretaria de Educação intitulado FloriParadesporto/Rede em Movimento. A estudante correrá ainda os 100 metros e outra prova ser definida, uma vez que no atletismo o participante pode competir em até três provas.
Thamirys relembra que na etapa regional simultaneamente estava com ansiedade e medo para iniciar as provas. Fiquei nervosa, mas depois fiquei muito feliz. Saiu da Universidade Federal de Santa com três medalhas de ouro obtidas no lançamento de pelota e na corrida. Ela e outros 16 estudantes conquistaram um total de 28 medalhas.
Thamirys era bastante tímida e retraída. Apesar de independente, interagia pouco com as pessoas fora do seu círculo de amizades, frisa a professora de Educação Física Maria Eduarda de Sousa.
Após o início das aulas com o Paradesporto, eu noto a Thamirys bem mais desenvolta, interagindo com os demais colegas da escola e professores, além de ter melhorado sua comunicação. Para uma criança com deficiência, isso é altamente libertador.
Conforme a professora, hoje Thamirys tem total autonomia em todas as tarefas solicitadas a ela. Mas tudo isso só foi possível porque ela é muito dedicada, presta atenção em todos os comandos, realiza todas as atividades e é assídua tanto nas aulas regulares quanto nas aulas do projeto.
*UMA MÃE-CALHEIRA*
Ariel Almeida do Nascimento é outro estudante da rede municipal de ensino que embarcará para São Paulo. No ano passado, ele já havia competido em nível nacional. Jogador de bocha, aos 13 anos de idade, está no 8º ano do ensino fundamental da Escola Básica Municipal Vítor Miguel de Souza.
Praticada por atletas com elevado grau de paralisia cerebral ou deficiências severas, a bocha paralímpica consiste em lançar as bolas coloridas o mais perto possível de uma branca. Os atletas ficam sentados em cadeiras de rodas e limitados a um espaço demarcado para fazer os arremessos. É permitido usar as mãos, os pés e instrumentos de auxílio (calhas).
Quem estará acompanhando Ariel na viagem será a mãe dele, Iara Rute, a sua calheira, que tem também outros dois filhos. A função da calheira é posicionar e ajustar as calhas, além de auxiliar no lançamento da bola, permitindo que o estudante se concentre na estratégia e no controle do jogo.
A mãe-calheira é uma grande incentivadora do filho. Quero que ele saiba cada vez mais que mesmo com deficiência, ele é capaz de ser um jogador, que ele é capaz, mesmo com as suas dificuldades motoras, de entender que somos todos iguais.
A opinião de Iara Rute vai ao encontro do que pensa a coordenadora FloriParadesporto/Rede em Movimento. A participação dos estudantes no meeting paralímpico tem um significado profundo, pois representa a inclusão, a valorização da diversidade e a promoção da igualdade de oportunidades. Segundo Lisandra Invernizzi, estar em um evento paralímpico não é apenas uma oportunidade de vivenciar o esporte, mas de aprender sobre a superação de desafios e de perceber a importância do respeito às diferentes formas de habilidades e potenciais.
As Paralimpíadas Escolares têm por finalidade de estimular a participação dos estudantes com deficiência física, visual e intelectual em atividades esportivas nas escolas. Com isso, desenvolver destaques paralímpicos, e promover integração e intercâmbio sociocultural, bem como desenvolvimento integral dos estudantes.
Na etapa nacional das Paralimpíadas Escolares, as modalidades disputadas incluem atletismo, natação, bocha, parabadminton, tênis de mesa, judô, futebol PC, goalball, halterofilismo, vôlei sentado, basquete em cadeira de rodas e futebol de cegos. O evento nacional ocorrerá 16 a 29 de novembro no Centro de Treinamento Paralímpico em São Paulo.