A medida anunciada pelo governo de elevar as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para determinadas operações foi um erro político e econômico, na avaliação da Unafisco, entidade que representa os auditores fiscais da Receita Federal.
Em nota divulgada no sábado (24), a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita diz que, ao invés elevar tributos, afetando pessoas físicas e empresas, o governo deveria resolver pendências com os auditores fiscais, que estão em greve desde novembro do ano passado.
Segundo dados da própria administração tributária, a greve já comprometeu significativamente a arrecadação federal. Durante coletiva sobre o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, na sexta-feira (23), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu os impactos.
“Não estou entrando no mérito. […] Nós estamos com a Receita em greve. Isso afeta o desempenho da arrecadação e isso traz consequências que estão sendo avaliadas por nós”, comentou.
“Em 2024, apenas as ações de cobrança da Receita Federal renderam R$ 30 bilhões aos cofres públicos. O governo escolheu reduzir essa previsão para R$ 5 bilhões e, como alternativa, aumentar o IOF em mais de R$ 20 bilhões”, aponta Kleber Cabral, auditor fiscal e vice-presidente da Unafisco.
Com a medida de majorar o tributo, importadores já estimam prejuízos superiores a R$ 14 bilhões.
Os auditores estão em greve porque ficaram de fora das negociações com o Ministério da Gestão, nas quais foram definidos reajustes para várias categorias.
“Em vez de recompor a Receita, que tem papel estratégico na arrecadação, o governo opta por elevar a carga tributária daqueles que já pagam impostos regularmente”, reafirma a associação em sua nota.