Um ex-agente treinado nas forças de elite do Estado se transformou em peça-chave para o fortalecimento de facções criminosas na Zona Oeste do Rio de Janeiro. As investigações da Polícia Civil revelaram que Ronny Pessanha, ex-integrante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), vinha negociando treinamentos táticos com integrantes do Comando Vermelho.
Segundo a Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), Pessanha cobrava até R$ 1.500 por hora para ensinar técnicas de tiro, movimentação tática e estratégias de combate urbano. Áudios divulgados pela CNN mostram o ex-policial se vangloriando. “Sou referência em incursões e treinamento de guerra”.



As provas reunidas pelos investigadores incluem também imagens de treinamentos realizados em áreas dominadas pelo tráfico. Em um dos vídeos, homens fortemente armados, com fuzis em punho, participam de exercícios físicos e simulações de confronto sob a supervisão de Pessanha.
Expulso da Polícia Militar em 2022, Ronny Pessanha não é réu primário, ele já havia sido preso em 2020 por envolvimento com milícias que atuam em comunidades como Rio das Pedras e Muzema, também na Zona Oeste. Após deixar a prisão, saiu da milícia e se envolvendo com o tráfico.
Em um dos áudios interceptados, Pessanha descreve um encontro com o traficante Willian Sousa Guedes, conhecido como “Corolla”, no topo de uma comunidade: “Cheguei lá em cima morto, cara.” Em tom de desabafo, acrescenta: “Isso não pode acontecer, não. Vai que eu preciso, porr, sei lá, incursionar, fazer algum bagulho. Porr*, eu vou morrer e porr*, eu sou referência, né, cara, nessa questão de combate.”*
Outros crimes
Além disso, as investigações mostram que ele também utilizava sua empresa de segurança para alugar carros de luxo para líderes do tráfico. Um dos veículos, um McLaren avaliado em R$ 2 milhões, foi alugado por R$ 460 mil para um traficante, dono de morro.