Um vídeo que mostra um gato salvando outra gata do ataque de um cão viralizou nas redes sociais (veja o vídeo abaixo). O “instinto” de proteção do animal chamou a atenção e levantou dúvidas sobre o comportamento ser ou não comum entre pets. Em conversa com a CNN, especialistas explicaram como funciona o comportamento nos felinos.
O gato, chamado “Taurinho”, confrontou um cachorro para proteger “Docinho” durante o ataque. Taurinho e Docinho vivem juntos na academia Tauros e recebem cuidados da comunidade local.
“Os gatos têm instinto de proteção uns com os outros, assim como qualquer mamífero. Mas isso varia de acordo com o vínculo, com a personalidade e com o contexto social em que vivem também”, explica a médica veterinária Paula Castro, especializada em medicina felina e responsável técnica pela clínica de cães e gatos da FMU.
Segundo ela, como mamíferos, os gatos podem apresentar condições neuroendócrinas para comportamentos afiliativos e protetores. “No cérebro, há regulação de respostas emocionais e comportamentais incluindo agressividade e cuidado parental. O córtex pré frontal participa da avaliação dos estímulos sociais e respostas apropriadas, embora de forma menos desenvolvida e complexa do que nos humanos. Quando os gatos formam vínculos, essas respostas tendem a ser mais fortes também”, explica a especialista.
Há hormônios que também atuam na formação desses vínculos. “A ocitocina, também conhecida como ‘hormônio do amor’, é liberada em situações de contato social positivo, como quando os gatos se lambem, dormem juntos ou durante a amamentação. A prolactina também contribui, especialmente nas fêmeas com relação a seus filhotes. E a vasopressina que geralmente está envolvida na modulação de comportamentos de proteção e até em respostas de agressividade em certas situações”, complementa a profissional.
Conforme explica Paula, há a chance de gatos que convivem juntos por muito tempo formarem vínculos afetivos. “Porém, os gatos também podem viver juntos por muitos anos sem nunca desenvolver laços afetivos fortes, apenas se tolerando, sem desenvolver esse ‘senso de proteção’ entre eles.”
Segundo o médico veterinário especialista em clínica médica para felinos e professor da São Judas Arli di Biaggi Filho, a proteção também pode ter muito a ver com o território do gato, principalmente em relação à comida.
“Se ele tem afinidade com outro gato que convive com ele e percebe que esse gato está sob ameaça, ele pode ter esse tipo de atitude. Já vi, além de um gato proteger outro, proteger criança, pessoas da família, especialmente quando tem alguma discussão. Acredito que isso também tem a ver com o território dele, com o fato de ele ser quem ‘manda’ naquele espaço”, diz.
Comportamentos de proteção
Segundo os profissionais, alguns comportamentos de proteção podem ser o ato de lamber uns aos outros, dormir juntos, se colocar na frente do outro e tentativa de ataque ao “invasor ou atacante”.
“Quando há brigas, um pode realmente tentar intervir, eles ficam numa postura corporal diferente quando identificam perigo. Eles percebem quando o animal ou o humano está doente. Quando a mulher está gravida, inclusive, eles gostam de ficar perto”, conta Aline Ambrogi, médica veterinária do Centro Universitário de Jaguariúna.
“Muitas pessoas acham que eles são individualistas, mas não. Até mesmo a ‘caça’ deles, com os ratinhos, baratas, são como presentes, é parte do instinto”, acrescenta. A profissional também ressalta que não há diferença entre a proteção de um gato com outro ou com um ser humano, tudo é questão de vínculo.
Veja o vídeo viral no qual um gato tenta proteger o outro do ataque de um cão
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Gato Taurinho: como funciona o instinto de gatos para proteger um ao outro no site CNN Brasil.