Conheça ‘Black Mirror’, a série que nos faz questionar tudo

Em um cenário onde a tecnologia evolui a passos largos e invade aspectos cada vez mais íntimos da vida humana, Black Mirror retorna em 2025 com sua sétima temporada, composta por seis episódios inéditos. Criada por Charlie Brooker, a série permanece fiel à sua essência: provocar o público com questões incômodas sobre a dependência digital, a ética tecnológica e os perigos da inovação sem freios.

O episódio de estreia da nova leva, intitulado “Pessoas Comuns”, retrata de forma contundente essa tensão entre humanidade e avanço tecnológico. Na trama, Amanda é diagnosticada com um tumor cerebral inoperável. A única saída possível surge por meio de uma proposta radical feita por uma startup: a transferência de suas memórias e funções mentais para a nuvem, via um chip cerebral.

Esse recurso tecnológico, apresentado como solução milagrosa, transforma-se rapidamente em um dilema ético para Amanda e seu companheiro, Mike. A ideia de manter a consciência viva artificialmente, acessível por assinaturas e atualizações, ilustra a mercantilização da saúde e a fragilidade dos consumidores diante de serviços controlados por grandes corporações.

Esse olhar crítico não é novidade para os fãs da série. Desde sua estreia em 2010, Black Mirror já comparada por muitos a Além da Imaginação, se destaca por trazer à tona discussões sobre os efeitos colaterais do progresso tecnológico. Episódios como “Joan é Terrível” e “Hino Nacional” mostraram que, por trás de cada avanço, existe um custo humano muitas vezes negligenciado.

Na nova temporada, episódios como “Eulogy” e “Hotel Reverie” ampliam ainda mais essa abordagem. Enquanto o primeiro explora a recriação virtual de memórias de pessoas falecidas, tocando na dor do luto e na preservação artificial da identidade. O segundo propõe debates sobre a consciência artificial e a fronteira entre realidade e simulação. Já em “Bête Noire”, conceitos da física quântica e da ficção científica são usados para aprofundar a dualidade da percepção e da existência em mundos paralelos.

Ao transformar dispositivos e serviços digitais em personagens centrais de suas histórias, Black Mirror constrói narrativas onde a tecnologia não é mais coadjuvante, mas a força motriz de decisões morais, sociais e emocionais.

No universo de ‘Black Mirror’, a tecnologia não é apenas uma ferramenta, mas um protagonista que influencia diretamente o destino dos personagens.

A produção continua se destacando por sua capacidade de entreter sem abandonar o viés filosófico, mesclando drama, suspense e crítica social em doses precisas. Brooker, mais uma vez, conduz o espectador a refletir não apenas sobre o futuro, mas sobre o presente e os caminhos que estamos trilhando sem nos dar conta.

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