Estética “Pilates Princess” domina redes sociais e impulsiona a prática de pilates

Nos últimos cinco anos, o pilates se firmou como uma das atividades físicas mais procuradas do Brasil, com um crescimento de 277,6% nos check-ins registrados pela plataforma Wellhub entre 2019 e 2024. Hoje, perde apenas para a musculação em número de adeptos no país. Para acompanhar essa expansão, a previsão é que até o final de 2025, mais de 5,5 mil novos estúdios especializados sejam inaugurados, de acordo com estimativa da Metalife, uma das principais fabricantes mundiais de equipamentos para pilates.

O aumento repentino na procura por essa prática, no entanto, tem uma explicação além da saúde e do condicionamento físico: trata-se da ascensão da estética Pink Pilates Princess, que tomou conta das redes sociais, especialmente do TikTok, com vídeos que somam dezenas de milhares de publicações.
“Uma garota que passa seu tempo se exercitando, fazendo sucos verdes e smoothies, e toma matcha todas as noites”, essa é a definição da estética Pink Pilates Princess, de acordo com o Urban Dictionary.

Mais do que uma simples tendência de moda ou exercício físico, o fenômeno representa uma nova forma de autocuidado, envolta em cores suaves, luxo discreto e uma dose generosa de nostalgia dos anos 2000. Mulheres jovens que seguem esse estilo compartilham rotinas que misturam aulas de pilates em estúdios boutique com roupas de ginástica em tons pastel, especialmente rosa, além de acessórios, skincare e hábitos saudáveis.
“O pilates voltou com tudo e está muito ligado à onda de bem-estar, neste surto de trocar os exercícios de cardio pelo de força incessante. As pilates princess estão conectadas às clean girls, nessa hiperestilização de tudo, até estilo de vida”, explica Iza Dezon, CEO da DEZON, expert em análise de tendências e idealizadora do podcast Ciao, Bela ao lado de Vânia Goy.

Não à toa, a hashtag #PinkPilatesPrincess já ultrapassa 47 mil vídeos no TikTok. E o Spotify, em seu tradicional Wrapped de 2023, chegou a classificar milhares de usuários como “Princesa do pilates rosa”, com base em preferências musicais que incluem Sabrina Carpenter, Chappell Roan e Tate McRae.

Apesar da roupagem contemporânea, o estilo tem raízes na era McBling dos anos 2000. Seu revival moderno ganhou força com a coleção Pilates Princess, lançada em 2022 pela marca americana Frankie’s Bikinis, que incorporou elementos de tendências como coquettecore, balletcore, clean girl e até das lendárias angels da Victoria’s Secret.

A estética pode parecer inofensiva à primeira vista, mas também levanta discussões sobre privilégios, já que requer tempo, dinheiro e acesso para manter esse lifestyle cuidadosamente curado.
Mas a viralização das Pink Pilates Princess vai além de um mero exercício físico viral soft, ele abraça uma parcela de mulheres de alto poder aquisitivo dispostas a investirem em roupas esportivas e venderem um verdadeiro lifestyle em torno dessa estética cor-de-rosa perfeita que parece distante demais.

Com boleros de cashmere e smoothies verdes na mão, as pilates princess não apenas seguem uma rotina de autocuidado: elas performam um ideal, o de se tornarem “seu eu mais elevado”.
“É um resgate do feminino Barbie, uma reinvindicação dessa hiperfeminilidade que também vemos em tendências como a trad wife, dessa mulher domada, padronizada, bela e do pilates. Ao mesmo tempo, é uma estética que foge do corpo da malhação e da roupa preta de ultraperformance. Elas querem ser fofas, usar cor-de-rosa ou looks coloridos, e tudo bem, a gente sempre vai ter esse lado nostálgico que se conecta com a infância”, finaliza Iza.

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