
Ataque foi denunciado à Funai e indígenas pediram apoio de agentes federais que estão na região. MPF também acompanha o caso. Indígenas denunciam terceiro ataque a tiros dentro da Terra Indígena Parakanã, no Pará
Indígenas da Terra Indígena Apyterewa, em São Félix do Xingu no Pará, relatam um novo ataque a tiros em aldeias do território, que foi recentemente alvo da retirada de invasores. A Força Nacional e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) foram acionadas por lideranças. Cápsulas de munição foram encontradas.
É o terceiro ataque de pistoleiros armados com metralhadoras na região. O mais recente havia ocorrido em fevereiro deste ano.
Em áudios, um indígena da aldeia dentro da TI Parakanã afirma que este terceiro ataque ocorreu na noite de segunda-feira (28), por volta das 19h. A aldeia fica às margens do igarapé São Sebastião, que despeja no rio Xingu.
Após o chamado, os agentes federais chegaram ainda na mesma noite, mas quando chegaram, os autores dos disparos de arma de fogo tinham fugido para área de mata.
“Foram muitos tiros. As crianças correram, as mulheres. Tinham poucos guerreiros que estavam distante da aldeia, mas dentro do território. Ficamos preocupados”.
O clima é de tensão na aldeia, relata o indígena. “A gente está muito preocupado, as crianças não conseguem dormir, estamos assustados. Estamos pedindo que a Polícia Federal, a Justiça que faça a punição para os culpados, porque já é o terceiro atentado nas nossas comunidades da TI Apyterewa”.
A desintrusão na TI Apyterewa ocorreu seguindo ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), atentendo a pedido da Articuação dos Povos Indigenas. A TI, uma das mais desmatadas do país, vinha sofrendo nos últimos anos com a ocupação irregular de não indígenas.
Em outubro de 2024, o governo federal realizou a operação de desintrusão. Agora, os indígenas relatam que invasores estão tentando retomar a área. Uma base com agentes da Força Nacional foi montada na região, para dar apoio ao acompanhamento da Funai.
“Não estamos vivendo em paz. Recebemos nosso território, mas não estamos conseguindo ficar em paz dentro do território”, afirma o indígena.
Base de agentes federais na TI Apyterewa, no Pará.
Reprodução
O que dizem os órgãos competentes?
Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que a Força Nacional de Segurança Pública atua na TI Apyterewa (PA) em apoio aos órgãos estaduais de segurança pública, à Polícia Federal e à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), conforme planejamento e diretrizes estabelecidos e que todas as ações seguem orientações das instituições demandantes.
Sobre o episódio na região conhecida como “Paredão”, a Força Nacional foi acionada pela Funai para prestar apoio no deslocamento até a área. A equipe seguiu por via fluvial até a aldeia, onde foi recebida por moradores locais. No local, indígenas relataram detalhes sobre o incidente ocorrido na noite de segunda-feira (28).
Após o atendimento, a Força Nacional intensificou o patrulhamento e reforçou a presença na região, permanecendo à disposição para novas ações, conforme solicitado pelas autoridades competentes, segundo o Ministério.
Já o Ministério Público Federal, que acompanha a situação dos indígenas Parakanã, informou que pediu informações para a Funai no Pará e para a Diretoria de Proteção Territorial da Funai, em Brasília.
O MPF também pediu informações à PF e à Força Nacional, solicitando relatório sobre o caso e que fosse indicado plano de proteção para as duas aldeias mais próximas às áreas de invasão.
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