Florestas em regeneração da Mata Atlântica sofrem mais com fogo

Imagem ilustrativa.MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Estudo mostra que florestas maduras da Mata Atlântica resistem melhor ao fogo, enquanto as secundárias, que estão em processo de regeneração, são as mais afetadas.

O estudo, de autoria do biólogo Bruno Adorno (UNIFAL-MG) e da professora Érica Hasui (ICN-UNIFAL-MG), mapeou cicatrizes de fogo e uso do solo em plantações, pastagens e florestas da Mata Atlântica.

Os pesquisadores aplicaram um índice que leva em conta tanto a área queimada quanto a presença de cada tipo de ambiente na paisagem. Ainda contaram com apoio de Milton Ribeiro (UNESP) e Pedro Vaz (Universidade de Lisboa).

“Se um tipo de floresta ocupa uma pequena parte da região, mas concentra muitos focos de incêndio, isso indica uma vulnerabilidade maior. Ou seja, analisamos o risco de fogo levando em consideração tanto a área queimada dentro de cada ambiente quanto a disponibilidade daquele tipo de ambiente na Mata Atlântica”, explica Adorno.

Os autores alertam ainda para indícios de incêndios intencionais, possivelmente para evitar que essas áreas avancem para estágios mais protegidos pela legislação ambiental.

“A abordagem nos permite entender se os incêndios estão acontecendo de forma aleatória ou se há uma espécie de ‘preferência’ do fogo por determinados ambientes — o que ajuda a identificar quais áreas são mais vulneráveis e podem estar sob maior pressão”, acrescenta Adorno.

Implicações para políticas e clima

Entre as recomendações, propõe-se organizar paisagens agrícolas de modo a posicionar zonas de menor risco ao redor das áreas vulneráveis, criando barreiras naturais que contenham o avanço do fogo.

Também sugerem-se ações como manutenção de aceiros e remoção de capins exóticos, que dificultam tanto a ignição quanto a propagação.

Além disso, a proteção das florestas secundárias contribui para o sequestro de carbono.

“Se essas áreas forem protegidas do fogo, elas podem continuar seu processo de regeneração e se tornar importantes aliadas no sequestro de carbono, ajudando a mitigar os efeitos do aquecimento global”, ressalta o pesquisador.

Parcerias e continuidade

O trabalho teve origem no doutorado de Adorno na UFSCar, sob orientação de Augusto João Piratelli, e contou com coautoria de Érica Hasui.

Já está em andamento um estudo de mestrado que investigará fatores como clima local, idade da vegetação e tipo de solo para entender melhor a vulnerabilidade ao fogo e aprimorar estratégias de conservação.

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