Jon Gries, vilão de “White Lotus”, diz que crime real inspirou personagem

Quando a 3ª temporada de “The White Lotus” estreou no mês passado, o choque foi palpável quando a personagem Belinda reconheceu um rosto familiar no resort na Tailândia: Greg Hunt, o astuto pretendente da falecida Tanya McQuoid.

Conforme a temporada se desenrolou, Greg (interpretado por Jon Gries) emergiu como um antagonista, particularmente depois que Belinda (Natasha Rothwell) mergulhou na investigação sobre a morte de Tanya e percebeu que Greg, que agora atende por Gary, fugiu dos interrogatórios das autoridades.

Em uma série famosa por se reinventar, o mesmo foi exigido do ator Jon Gries, que diz que interpretar o personagem em constante mudança tem sido um desafio bem-vindo e, como “White Lotus”, cheio de reviravoltas.

“No começo, eu o interpretei totalmente como um cara que estava, sabe, em seus últimos momentos”, disse o ator em uma entrevista recente à CNN, referindo-se à saúde muito debilitada de Greg na primeira temporada de “White Lotus”, que estreou com críticas elogiosas no verão de 2021. Ele acrescentou: “Quando você interpreta um personagem, você quer encontrar seu lado empático e quer entender de onde eles vieram e o que os levou até onde estão”.

Mas quando Gries foi contatado pelo criador Mike White para aparecer na 2ª temporada, ele percebeu que teria que ajustar sua interpretação de Greg, apesar de ter previamente imaginado uma “história abrangente” para ele por conta própria. “(White) disse: ‘Estou escrevendo agora mesmo, e estou escrevendo você, e só preciso saber aqui e agora. Se você estiver dentro, continuarei escrevendo. Se não, vou parar’”, Gries relembrou.

Claro, ele disse sim ao retorno à série, que eventualmente exigiu que ele morasse na Itália por alguns meses para as filmagens.

Durante a produção, White revelou a Gries que Greg é “muito sinistro”. Isso se tornou bastante irrefutável no clímax da temporada, que viu a morte de Tanya orquestrada por seu atual marido.

Na 3ª temporada, Gries teve que reescrever novamente a história de Greg, desta vez inspirando-se em fontes improváveis, como a série documental da HBO “The Jinx”, sobre o falecido assassino condenado Robert Durst, e o caso envolvendo o homem que ficou conhecido como o Golpista do Tinder.

Gries disse que ficou impressionado com a “personalidade aparentemente equilibrada” de Durst, que serviu como modelo para onde Greg estava indo, alguém “que não demonstra realmente muita emoção, não parece ficar muito bravo, apenas fica um pouco irritado e é perigoso”.

“Há uma raiva contida por baixo. E esse tipo de pessoa eu acho – pelo menos a respeito de Gary, Greg, Gary – fascinante”, disse ele.

E ainda assim, enquanto procurava uma maneira empática de voltar a interpretar seu personagem, Gries continuava se perguntando se ainda havia algo de redentor em Greg.

Um importante “momento de despertar” veio durante uma conversa decisiva que ele teve com White pouco antes das filmagens na Tailândia, na qual o criador da série disse sobre Greg, sem meias palavras: “Ele é um psicopata”.

“E foi isso. Foi tipo, voltar à estaca zero. E realmente me ajudou”, disse Gries.

O penúltimo episódio da série irá ao ar no domingo, uma noite que, graças a “Lotus” e outros programas, tornou-se novamente um momento de audiência programada em meio a um movimento geral de afastamento do binge watching.

Gries disse que aprecia a mudança. “Somos uma sociedade que, de uma maneira estranha, não entende a beleza de esperar. A beleza do espaço entre as notas”, compartilhou. “Se eu assistisse (“White Lotus”) tudo seguido, me sentiria como se tivesse comido chocolates demais. Simplesmente não seria a mesma coisa. Você precisa processar isso”.

“The White Lotus” vai ao ar aos domingos, às 22h na HBO, com o episódio disponível para streaming no Max.

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