Pesquisadora da Antártica dormia com martelo no sutiã para se defender de assediador

Em um cenário gelado e desolado, a Antártica, Liz Monahon, uma mecânica de navios que trabalhava no centro de pesquisas dos Estados Unidos, enfrentou um pesadelo pessoal. A ameaça que pairava sobre ela não era apenas o frio extremo ou a escuridão constante, mas a violência de um colega de trabalho, Zak Buckingham, que a assediava sexualmente e a ameaçava de morte.

Em 2022, Liz estava a cerca de 1.500 km do Polo Sul, com temperaturas que chegavam a -30°C, em uma estação de pesquisa McMurdo, cercada por vastas camadas de gelo e isolada do mundo exterior. Ela, juntamente com uma pequena equipe, foi forçada a passar meses em confinamento, enfrentando um ambiente hostil tanto pelo clima quanto pelas atitudes de Buckingham, um boxeador amador com histórico de crimes relacionados ao álcool.

A situação tornou-se ainda mais dramática quando Liz se viu sozinha contra o assédio e as ameaças de Zak, que havia se tornado um perigo real para ela. “Ninguém além de mim estava lá para me salvar”, declarou Liz, descrevendo a situação desesperadora.

O assediador, identificado como Zak Buckingham, havia conhecido Liz durante a quarentena em 2021 em Christchurch, na Nova Zelândia. Mais tarde, ele foi escalado para a mesma base de pesquisa, onde os abusos começaram a acontecer. Liz tentou alertar a administração local, registrando uma queixa formal no setor de Recursos Humanos (RH), mas a resposta que recebeu foi desalentadora. O RH minimizou sua denúncia, alegando que o caso envolvia pessoas de diferentes nacionalidades e que ela deveria “não levar adiante a denúncia”.

Medida extrema

Temendo pela própria vida, Liz recorreu a uma medida extrema: escondeu um martelo no sutiã como forma de se proteger caso fosse atacada. “Se ele chegasse perto de mim, eu começaria a atacá-lo. Decidi que sobreviveria”, afirmou. Durante o expediente, o martelo estava sempre em seu macacão, preparado para ser usado em uma situação extrema.

A tensão aumentou após uma série de desentendimentos com o assediador, incluindo uma provocação pública em um dos bares da estação, onde ele e seus amigos começaram a fazer piadas sobre “dormir com eles”. Quando Liz tentou relatar o ocorrido, a ameaça de Zak foi clara: “Se você contar, vou te matar”.

A situação chegou a um ponto crítico quando Liz, consciente de sua vulnerabilidade, passou a ser defendida por outros membros da equipe, depois que a notícia de que ela estava armada com o martelo se espalhou. Mesmo com o apoio de colegas, a angústia de Liz só aumentava, pois ela sabia que, sem ação por parte das autoridades, sua segurança estava longe de ser garantida.

Após seu retorno aos Estados Unidos, Liz fez duras críticas à liderança da estação, acusando-a de falhar na proteção dos membros da equipe. “Isso foi o mais assustador”, declarou ela, se referindo à falta de apoio institucional que, em sua visão, poderia ter evitado o pesadelo pelo qual passou.

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