Bolo envenenado: inquéritos investigam também morte da suspeita

Deise dos Anjos estava presa temporariamente por suspeita de envenenar com arsênio o bolo que matou membros da família do maridoReprodução

Os inquéritos sobre as mortes de quatro pessoas da mesma família por envenenamento no Rio Grande do Sul devem ser concluídos e enviados à Justiça nesta quinta-feira (20). A informação foi confirmada pela Polícia Civil do estado ao Portal iG. Um deles investiga a morte da principal suspeita. 

Deise Moura dos Anjos, 42 anos, que foi encontrada sem vida na cela em que estava, na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na manhã da última quinta (13). A principal hipótese é que ela se matou.

Segundo o Código Penal, a morte de Deise impõe a extinção de punibilidade por morte do agente. Sendo assim, ninguém será indiciado ou responsabilizado.

Se estivesse viva, Deise seria indiciada pelos crimes de triplo homicídio triplamente qualificado e três tentativas de homicídio triplamente qualificadas.

A reportagem tentou extrair mais informações sobre o caso, mas foi informada de que novos detalhes serão revelados em coletiva de imprensa, marcada para sexta-feira (21).

Três mulheres e sogro

Um dos inquéritos é sobre a morte de três mulheres que comeram um bolo envenenado com arsênio. Já o outro trata sobre a morte do sogro da suspeita, que também ingeriu arsênio e morreu em setembro.

Na antevéspera de Natal, a sogra de Deise, Zeli Teresinha Silva dos Anjos, 61, preparou um bolo para um café da tarde com a família. O que ela não sabia era que a farinha usada na receita estava contaminada com arsênio.

Seis pessoas ingeriram o bolo, e três delas morreram – as irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, 59; além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos, filha de Neuza.

Caso do bolo envenenado ocorreu em Torres, no Rio Grande do SulReprodução

Ao longo do trabalho da polícia, descobriu-se que a farinha estava contaminada com níveis letais de arsênio. Posteriormente, a polícia identificou, no celular de Deise, pesquisas sobre o efeito do uso da substância, o que a tornou a principal suspeita e a colocou em prisão preventiva no dia 5 de janeiro.

A investigação sobre o bolo envenenado despertou outra – desta vez, relacionada à morte do sogro de Deise, Paulo Luiz dos Anjos, que ocorreu em setembro após ele ingerir bananas dadas a ele pela nora. Na época, o óbito foi registrado como “intoxicação alimentar”.

O corpo dele foi exumado em 8 de janeiro a pedido da Polícia Civil, e exames do Instituto-Geral de Perícias (IGP) constataram que Paulo também ingeriu arsênio antes de morrer.

Terceira investigação

Além dos dois inquéritos, Deise também é o foco de outra investigação – desta vez, sobre sua morte na prisão. 

Segundo a delegada Karoline Calegari, ela foi encontrada morta, enforcada com uma camiseta durante uma rotina de inspeção. Eles chegaram a prestar os primeiros socorros ao perceberem que Deise ainda estava viva, mas a suspeita não resistiu.

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