‘Minha mãe parou de vender na feira porque agora eu consigo sustentar a casa’, diz 1º lugar em enfermagem na UnB em 2015


Gláucia Coutinho Araújo acabou mudando de curso e concluiu faculdade de biologia. Gláucia Coutinho
Arquivo Pessoal
Filha de feirantes de Ceilândia, no Distrito Federal, Gláucia Coutinho Araújo foi a primeira colocada no vestibular de 2015 para o campus de Ceilândia da Universidade de Brasília (UnB). Uma década depois, ela conta que os estudos fizeram toda diferença. 📚
Vinda de família simples, Gláucia foi a única dos irmãos que se interessou pelos estudos desde a infância. Ela conta que quando o pai morreu, em 2011, a mãe vendia marmitas em frente ao Estádio Mané Garrincha para comprar as apostilas de estudo da filha.
“As contas começaram a ficar mais apertadas depois que meu pai morreu, logo quando eu comecei o ensino médio. Mesmo com todas as dificuldades financeiras, minha mãe sempre me apoiou a estudar. Hoje, ela parou de vender na feira porque agora eu consigo sustentar a casa”, diz Glaucia.
Mas, se encontrar na vida profissional não foi tão fácil para a jovem. A escolha por enfermagem foi uma homenagem ao pai, que aconselhava a filha a seguir a área da saúde.
Até o fim do ensino médio, a escolha do curso parecia clara, mas assim que Gláucia completou o primeiro semestre de enfermagem na Universidade de Brasília, ela percebeu que não se identificava com a área.
“Imaginei o quão difícil seria ter a mesma experiência diariamente. Ter que lidar com doenças e talvez com a morte não era o que eu queria para a minha vida”, conta a jovem.
Em 2016, ela fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e passou para biologia. Formada, ela deu aulas na rede pública de ensino durante três anos. Na época ela conciliava trabalho e estudo, com objetivo de trabalhar mais perto de casa, já que havia passado no concurso para ser professora em Águas Lindas de Goiás.
Além do concurso para a Secretaria de Educação do DF, ela também testou fazer a prova para outros ministérios, mas não esperava que o resultado seria “aprovada” ao conferir no portal. Atualmente, a brasiliense é servidora concursada em um órgão ambiental.
“Sempre passei na frente da Esplanada e me imaginava trabalhando naquele local. Hoje, trabalho lá e faço o que gosto. Agora, estou trabalhando com a jornada de educação ambiental, falamos sobre a importância do meio ambiente em vários lugares do Brasil”, afirma a bióloga.
Medicina aos 17 anos
A aprovação em medicina chegou para Mateus Feijó antes mesmo que ele terminasse o ensino médio. Aos 17 anos ele foi o primeiro colocado no vestibular de 2015 da Universidade de Brasília (UnB) um dos cursos mais concorridos do Brasil.
Uma década após a conquista, Mateus finaliza a residência em clínica geral no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Ele conta que se não tivesse estudado na UnB, talvez não tivesse coragem suficiente para se mudar de Brasília.
📌Residência médica: um programa de treinamento prático para médicos recém-formados, para que obtenham o título de especialista em determinada área.
“Quando passei, a UnB me ajudou a moldar minha carreira, via pessoas de vários lugares, aquilo me motivou a buscar formação em outros lugares, me abrir para novas experiências. Se eu não estivesse na UnB, talvez não iria pensar dessa forma”, conta Mateus.
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