Fernanda Torres: Da novela a indicação ao Oscar e sua jornada como atriz, escritora e roteirista

A atriz Fernanda Torres, de 59 anos, recebeu, nesta quinta-feira (23), sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Atriz, pela sua performance no filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles. Este filme, que também disputa nas categorias de Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado, coloca a brasileira ao lado de uma história familiar única. Filha de Fernando Torres e Fernanda Montenegro, ícones do cinema e teatro nacional, Fernanda Torres concorre ao prêmio que sua mãe disputou há 26 anos, em 1997.

Em entrevista recente à revista americana W Magazine, Torres contou sobre sua infância nos bastidores dos teatros onde seus pais trabalhavam. “Não havia escapatória”, afirmou a atriz, revelando que a arte estava em seu destino desde a infância.

Início da Carreira: Do Teatro à TV e Cinema

Fernanda Torres nasceu no Rio de Janeiro, em 1965. Sua trajetória artística começou aos 13 anos, quando entrou para o Tablado, uma renomada escola de formação de atores. Seu debut no teatro aconteceu em 1978, na peça Um Tango Argentino, de Maria Clara Machado. Aos 14 anos, estreou na TV Globo, em Aplauso, e um ano depois, em 1981, entrou para o elenco de sua primeira novela, Baila Comigo, de Manoel Carlos.

Aos poucos, o cinema também passou a fazer parte da carreira de Torres. Seu primeiro longa foi Inocência (1983), e desde então, ela construiu uma carreira no cinema com mais de 20 filmes. Entre seus papéis mais marcantes estão Eu Sei Que Vou Te Amar (1986), de Arnaldo Jabor, que lhe garantiu prêmios como Melhor Atriz no Festival de Cannes; Com Licença, Eu Vou à Luta (1986), de Lui Farias, e Casa de Areia (2005), dirigido por Andrucha Waddington, seu marido.

Comédia e humor na televisão

A partir dos anos 1990, Fernanda Torres se consagrou como uma das grandes atrizes de comédia do Brasil. Ela ganhou notoriedade com Os Normais (2001-2003), uma série escrita por Alexandre Machado e Fernanda Young, que mostrava as angústias de um casal durante o noivado. A personagem Vani, que Torres interpretava, se tornou um ícone da TV, e a série gerou dois filmes.

Outro sucesso na televisão foi Entre Tapas e Beijos (2011), ao lado de Andrea Beltrão. A série, escrita por Cláudio Paiva, trazia a relação de duas amigas, Fátima e Sueli, que enfrentam os desafios da vida adulta e amorosa. A atriz, em entrevistas recentes, chegou a brincar que foi “resgatada” da comédia por Walter Salles, ao interpretar a protagonista Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui.

Escritora e roteirista

Além de sua carreira como atriz, Fernanda Torres também se aventurou como escritora e roteirista. Seu primeiro livro, Fim (2013), foi adaptado para uma série de TV em 2023. Em 2014, ela lançou Sete Anos, uma coletânea de crônicas, e em 2017, publicou A Glória e Seu Cortejo de Horrores. Como roteirista, marcou sua estreia com o longa O Juízo (2019) e também esteve à frente da adaptação de Fim para a televisão.

Uma experiência que não se repetiu: “Odiou Fazer Novela”

Em um momento de sinceridade, Fernanda revelou sua experiência com novelas. Em 1986, ela protagonizou Selva de Pedra, mas não teve boas lembranças desse período. Durante uma entrevista ao programa Arena dos Saberes, a atriz contou sobre o desgosto com o papel e seu arrependimento em relação à forma como lidou com seu colega de cena, Tony Ramos. “Odiei. Odiei. Aquele papel de mocinha, que ficava chorando, e eu não sabia o volume de gravação…”, declarou.

Ela também recordou o momento em que quase decidiu abandonar a profissão, mas foi surpreendida com a notícia de que havia vencido o prêmio de Melhor Atriz em Cannes, graças ao filme Eu Sei Que Vou Te Amar. “Eu estava ficando na casa do meu irmão e disse: ‘Eu quero mudar de profissão’. Aí, ele me ligou e me contou sobre o prêmio. Foi um momento de virada”, relembrou, pedindo desculpas a Tony Ramos pela forma como havia se comportado.

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