Brasileiros fazem fila para ‘vender olho’ por R$ 700; entenda

Na segunda-feira, 13, um vídeo viralizou no TikTok: uma jovem mostrou como foi “vender meu olho” em São Paulo, onde várias pessoas aguardavam na fila para realizar o mesmo processo. Por trás dessa cena está o World, projeto idealizado por Sam Altman, CEO da OpenAI, e Alex Blania, que tem gerado discussões ao redor do mundo.

O World, anteriormente conhecido como Worldcoin, foi lançado em 2023. O sistema combina uma criptomoeda e uma rede blockchain própria. Após uma breve operação no Brasil em 2023, o projeto retornou oficialmente ao país no final de 2024, atraindo atenção por recompensar usuários pelo registro de suas íris.

O que é o World?

Criado pela empresa Tools for Humanity, o World visa distinguir humanos de inteligências artificiais. Cada usuário recebe uma World ID, um “passaporte” que comprova sua humanidade.

Segundo Alex Blania, a ideia nasceu em meio ao aumento de bots e conteúdos sintéticos online. Ele acredita que a dificuldade em diferenciar humanos e IAs só tende a crescer, exigindo soluções inovadoras. O objetivo é auxiliar governos, empresas e indivíduos, tornando-se uma credencial universal.

Para alcançar isso, o projeto precisa de um grande número de usuários com a “prova de humanidade”. Essa verificação é feita com a ajuda de um dispositivo chamado Orb, que registra a íris dos participantes. Após o escaneamento, eles recebem a World ID e uma recompensa em worldcoins, a criptomoeda do sistema.

Registro de íris ou venda?

Embora o registro de íris seja essencial para o projeto, a Tools for Humanity rejeita a ideia de que isso seja uma “venda”. Os usuários são recompensados com worldcoins, que atualmente valem cerca de US$ 2 cada. A quantia é paga parcialmente após o registro e o restante é liberado ao longo de 12 meses.

A proposta reflete os conceitos da Web3, onde os usuários recebem benefícios por cederem dados, em contraste com o modelo atual da Web2, no qual essas informações são coletadas sem retorno financeiro direto.

Críticas e controvérsias

Apesar de seus objetivos, o World enfrenta críticas e ações judiciais. Países como Espanha e Portugal baniram suas operações por falta de transparência no tratamento de dados. Na Coreia do Sul, o projeto foi multado em US$ 830 mil por violações de privacidade, enquanto a Argentina também impôs sanções.

Especialistas alertam para o risco no uso de dados biométricos, como a íris, que são extremamente sensíveis. O maior medo é o impacto de um possível vazamento, já que informações como essa não podem ser alteradas.

Em resposta, o World afirma que os dados de íris são transformados em códigos e não armazenados. A empresa também se comprometeu a colaborar com reguladores brasileiros para garantir conformidade com as leis locais.

Apesar das polêmicas, o projeto atrai usuários, especialmente em economias emergentes. O World alcançou 10 milhões de usuários globalmente e, no Brasil, ultrapassou 100 mil registros em menos de dois meses.

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