Bairro de Rio Branco completa 120 anos e moradores celebram com festa: ‘Tradição’

Bairro comemora aniversário no mesmo dia do início da Revolução Acreana, ocorrido há 122 anos. Seis de Agosto é um dos primeiros bairros da capital acreana. Comemoração teve desfile cívico
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Há exatos 120 anos, o bairro Seis de Agosto, no Segundo Distrito de Rio Branco, foi criado. Isto ocorreu dois anos após o início da Revolução Acreana, sendo um dos primeiros bairros da capital. Para conservar a memória e a história do lugar, os moradores fizeram, nesta terça-feira (6), mais um ano da tradicional festa de comemoração de aniversário do local.
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Com uma história que completa 40 anos de festa, este ano a programação contou com desfile cívico, alimentação gratuita, além de bingo, dominó e baralho para os moradores locais.
Antônio José Melé, que faz parte da comissão do bairro Seis de Agosto, cita que a rua principal do bairro é uma das mais antigas do Acre.
“A gente não pode deixar essa festa acabar, essa tradição. E a gente se juntou todo mundo pra fazer essa festa. Aqui a gente envolve a comunidade, aqui nós somos mais de 40 na equipe ajudando pra essa festa acontecer. Aqui tem torneio dominó, baralho, sinuca, tem um café da manhã, cinco mil cachorros-quentes aqui na escola, no geral pra todo mundo”, afirma.
A dona de casa Dora do Rego Pereira mora há muitos anos no local e cita que quando chegou, a infraestrutura era outra.
“Era assim que eu usava aqui, só tinha carroça de boi. Quando eu cheguei aqui, isso aqui não era nem rua não, era um buracão, era um ramalzinho. Toda vez eu estive aqui mesmo [morou no local], nunca mudei daqui”, garante ela.
A merendeira Maria Bethânia, é voluntária há 20 anos na organização da comemoração de aniversário, diz que é uma honra poder fazer parte desse momento.
“São 20 anos de história. A gente faz parte da comunidade, a gente trabalha aqui para a escola e se doa nesse dia para ajudar na festividade. É com muita honra que a gente faz isso. A gente vai dormir tarde, acorda cedo, a gente chegou aqui hoje, era 4h30 da manhã, antes mesmo dos fogos, para abrilhantar essa festividade”, celebra.
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Revolução Acreana
A escolha da data pode soar irônica, mas não foi apenas uma escolha estratégica de Castro, um gaúcho de 26 anos que já havia lutado na Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul, alguns anos antes e estava no território acreano para trabalhar como agrimensor.
👉 Contexto: No dia 6 de agosto de 1902, há exatos 122 anos, iniciaram-se os confrontos da Revolução Acreana. Os conflitos entre brasileiros que ocupavam a região desde meados de 1870 e o governo boliviano a quem o território pertencia legalmente pelos direitos de exploração da terra já duravam pouco mais de três anos. O principal interesse dos dois grupos era a exploração do látex. Os confrontos só acabaram em 1903 com a anexação do Acre ao Brasil.
Em entrevista ao g1, em 2022, o historiador Marcus Vinícius Neves explicou que o plano original era começar o confronto no dia 14 de julho daquele mesmo ano. O destino, porém, interveio.
“As armas não chegaram, e eles marcaram uma nova data, a de 6 de agosto, que é o dia da independência boliviana. O 7 de Setembro do Brasil é o 6 de agosto na Bolívia e, contando que neste dia estava acontecendo festa cívica, as pessoas não esperavam um ataque num dia como este”, explicou o historiador.
Os bolivianos tinham ainda o interesse em arrendar o território para o Bolivian Syndicate, uma empresa formada por estadunidenses e ingleses que tinham interesse em controlar a área.
A luta armada contra o exército boliviano foi o ápice de um conflito que se desenhava desde 1870, quando os primeiros brasileiros, vindos na maioria da região Nordeste do Brasil, começaram a ocupar a região do “Aquiry”, nome indígena que significa ‘rio dos jacarés’ e acabou dando nome ao estado.
“A Revolução é resultado de um longo processo histórico que se vivia, não só no Acre como na Amazônia, que foi o primeiro ciclo da borracha. A borracha se tornou tão valiosa quanto ouro, o que fez com que milhares de brasileiros subissem os rios atrás. Por isso, o Acre foi ocupado”, disse Neves.
Além do desfile cívico, moradores distribuíram alimentação gratuita e fizeram um bingo para a festa
Rede Amazônica
*Colaborou a repórter Vitória Guimarães, da Rede Amazônica Acre.
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