Waack: Rubio prepara terreno para crise entre Brasil e EUA

Ao dizer em depoimento na Câmara dos Representantes que é grande a possibilidade de o ministro Alexandre de Moraes sofrer sanções por parte de Washington, o secretário de Estado Marco Rubio transformou em política de governo o que parecia ser, sobretudo, discurso de apoio mútuo entre grupos políticos.

Estão criadas as condições para uma séria crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos.

Pois, independente do mérito da questão — se Moraes cometeu ou não crimes contra os direitos humanos, como Marco Rubio sugere —, o fato é que o governo de Washington elevou ao nível das instituições o que estava aqui no plano do debate político.

Moraes é o principal condutor do julgamento no STF do ex-presidente Jair Bolsonaro, que o secretário de Estado americano admitiu implicitamente ser vítima de perseguição política.

Nesse julgamento, a última testemunha de acusação, o ex-comandante da Força Aérea, reiterou hoje pontos centrais da denúncia apresentada pelo Ministério Público, segundo a qual o ex-presidente apresentou aos comandantes militares uma minuta de um golpe.

Em reuniões nas quais, disse o ex-comandante da FAB, falou-se em prender o próprio Moraes.

É considerada muito baixa a probabilidade de que o STF ceda a pressões americanas — elas provavelmente causarão o efeito contrário.

É claro que a ameaça americana contra Moraes inflama uma parte relevante da oposição brasileira.

Mas não é tão claro assim se conquistará maiores fatias do espectro político em direção ao centro, por exemplo.

Afinal, trata-se de um governo estrangeiro que tem como método o ataque, metendo-se num assunto que é só nosso.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Waack: Rubio prepara terreno para crise entre Brasil e EUA no site CNN Brasil.

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