Morte de estudante atacada por colega na sala de aula em MG foi planejada e motivada por inveja: ‘simbolizava a alegria que eu não tinha’


A Polícia Civil concluiu o inquérito que investigou a morte da adolescente ocorrida no dia 8 de maio em uma escola particular de Uberaba, no Triângulo Mineiro. Dois adolescentes, apontados como os responsáveis pela infração análoga ao crime de homicídio continuam internados provisoriamente e devem receber sentença até junho. Informações foram confirmadas pelas polícias Civil e Militar e pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) na manhã desta terça (20)
Loise Monteiro/TV Integração
A Polícia Civil e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentaram, nesta terça-feira (20), detalhes sobre a investigação da morte da estudante de 14 anos, esfaqueada por um colega de classe dentro do Colégio Livre Aprender, no Bairro Universitário, em Uberaba, no início de maio. Dois adolescentes, também de 14 anos, foram apreendidos pela infração análoga ao crime de homicídio.
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A apuração indicou que o ataque foi planejado e que a vítima foi escolhida no dia do crime. O adolescente apontado como executor das facadas entrou com a arma na escola no dia 8 de maio. Ele foi apreendido horas após o ataque.
No dia seguinte, outro menor de 18 anos foi detido. Ambos estudavam na mesma sala da vítima e sentavam lado a lado.
“Assim que o autor executou o crime, o colega, o partícipe, saiu ao lado dele, caminhando, sem dizer nada a ninguém. Quando retornou, disse que teria ido procurar o executor. Mas, posteriormente, encontramos elementos que mostram que ele planejou a fuga junto com o autor. A ligação entre eles está bem definida”, explicou o delegado da Polícia Civil, Cyro Outeiro.
A investigação descartou motivações como bullying ou misoginia. Segundo o promotor Diego Aguilar, o adolescente que esfaqueou a garota alegou que sentia inveja da colega de sala.
“O policial militar que o apreendeu ouviu da boca dele o seguinte: ‘Eu fiz porque tinha inveja do fato de ela simbolizar a alegria que eu não tinha.’”
Os dois adolescentes continuam internados provisoriamente em Uberaba e devem receber sentença até junho. “O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que, se a medida de internação for aplicada — que é a mais extrema —, a reclusão máxima é de três anos. Gostem ou não gostem, é o que a lei determina. Essa é a punição, que, na verdade, é uma medida socioeducativa”, afirmou o promotor.
Agressor entregou bilhete à vítima antes do ataque
Durante a investigação, a Polícia Civil analisou objetos pessoais dos envolvidos e imagens de câmeras de monitoramento da escola. Em uma delas é possível ver quando o adolescente entregou um bilhete à estudante, instantes antes de atacá-la. “Essa folha de papel é como se fosse uma sentença de morte. Mas o bilhete falava de uma morte por estrangulamento”, explicou o promotor André Tuma.
O representante do Ministério Público reforçou que o trabalho da Polícia Civil foi fundamental para esclarecer boatos e informações falsas que circularam após o crime.
“Não há outros envolvidos no planejamento. Não há grupos de internet, seitas, bullying, nada disso. Da mesma forma que não há lista de vítimas. Não há um plano em andamento.”
Entre os materiais analisados, estava um caderno do adolescente que cometeu o ataque. A promotora Fernanda Fiorati explicou que nem todas as anotações estavam relacionadas ao crime.
“Ficou claro que ele tinha gosto por poesia, por escrever, principalmente nas aulas de Filosofia. São textos que mencionam o que ele sente. E, junto desses textos, aparecem, aleatoriamente, alguns símbolos — mas que, em nenhum momento, foram relacionados a seitas religiosas ou a grupos extremistas.”
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O crime ocorreu no dia 8 de maio no Colégio Livre Aprender, em Uberaba
Gabriel Bonfim/TV Integração
Relembre o caso
A estudante de 14 anos foi morta na manhã de quinta-feira (8) no Colégio Livre Aprender. Segundo a escola particular, outro aluno do 9º ano a atacou com um golpe de objeto cortante.
Um professor da instituição, estudante do 10º período de Medicina, prestou os primeiros socorros até a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A equipe tentou reanimar a adolescente, mas ela não resistiu e teve a morte confirmada no local.
O corpo foi encaminhado ao Posto Médico-Legal para exames. O agressor fugiu após o crime e foi localizado no fim da tarde. Ele foi apreendido pela Polícia Militar e, após o registro da ocorrência, encaminhado à Polícia Civil, que iniciou a investigação com a realização de perícia na escola.
Em nota, o Colégio Livre Aprender informou que prestará assistência psicológica à comunidade escolar. A Prefeitura de Uberaba lamentou o ocorrido, manifestou solidariedade à família da vítima e decretou luto oficial de três dias.
As aulas na instituição foram retomadas na segunda-feira (19). Uma equipe do Ministério da Educação acompanha funcionários, estudantes e familiares na retomada das atividades.
Estudante morre em escola particular de Uberaba após ataque com tesoura por colega
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