
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (19), que três casos suspeitos de gripe aviária foram descartados. De acordo com a atualização da pasta, os focos em Nova Brasilândia, no Mato Grosso; Triunfo, Rio Grande do Sul; e Gracho Cardoso, em Sergipe, passaram por análise e não se confirmou a doença.
Os casos em Aguiarnópolis, no Tocantis; Impumirim, Santa Catarina; e Salitre, no Ceará, seguem em investigação. Todos esses focos são de aves comerciais. O primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial brasileira foi registrado em Montenegro, no Rio Grande do Sul, na quinta-feira (15/5). A granja atingida abrigava 17 mil aves, parte delas morreu e o restante foi sacrificado.
De acordo com o ministro, o local onde foi encontrado o primeiro caso passa por desinfecção. A partir dessa detetização total do ambiente, são contados 28 dias e, caso não seja registrado nenhuma outra ave infectada, então o Brasil terá eliminado o vírus. “Nós vamos ter 28 dias a partir do marco zero. Se não ocorrer nenhum outro caso nesse período, significa que o ciclo do vírus foi quebrado e poderemos nos autodeclarar liivres da gripe aviária”, explicou.
O ministro também reafirmou que não há risco sanitário no consumo de carne de frango e ovos fiscalizados.
A influenza aviária é causada por variantes do vírus influenza A, com destaque para a cepa H5N1, de alta patogenicidade.
A transmissão ocorre principalmente entre aves, por contato direto ou indireto com secreções ou fezes contaminadas.
A introdução do vírus em criações industriais pode levar a altas taxas de mortalidade entre animais e a restrições comerciais.
No Brasil, os primeiros focos foram confirmados em maio de 2023, sempre em aves silvestres. Até 31 de março deste ano, o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) contabilizou 162 ocorrências, com distribuição em 11 estados e no Distrito Federal.
Três focos ocorreram em criações de subsistência — sem fins comerciais — nos estados do Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Segundo os dados mais recentes do Mapa, os casos em aves silvestres foram identificados principalmente em espécies costeiras, como trinta-réis, gaivotas e atobás.
A origem provável do vírus no país é atribuída a aves migratórias. O Rio Grande do Sul e Santa Catarina concentram a maior parte dos focos, com 40 e 33 registros, respectivamente.
O Brasil mantém o reconhecimento internacional de país livre de gripe aviária em sua avicultura comercial.
Esse status é conferido pela OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal) e tem sido preservado por meio de ações de vigilância e controle conduzidas em cooperação entre o Mapa e os Serviços Veterinários Oficiais estaduais. Até o fim de março deste ano, 2.540 suspeitas foram investigadas, sendo 2.378 descartadas.
Entre as medidas adotadas estão o isolamento dos focos, eliminação sanitária das aves contaminadas, desinfecção dos locais e intensificação da vigilância em propriedades vizinhas. Todas as ocorrências são notificadas à OMSA e aos principais países importadores.
Em 2024, o Brasil exportou cerca de US$ 10 bilhões em carne de frango, respondendo por 35% do comércio mundial. A atividade emprega aproximadamente 500 mil pessoas diretamente.
Segundo o governo, a preservação das exportações depende da continuidade da vigilância e da contenção dos casos fora do sistema produtivo industrial.
O Plano Nacional de Contingência para a Influenza Aviária, criado em 2006 e revisado periodicamente, norteia as ações. Entre as diretrizes estão a capacitação de técnicos, realização de simulados e campanhas educativas.
O programa “Fique Atento, Influenza Aviária” é um dos instrumentos utilizados para mobilizar produtores, comunidades e órgãos públicos.
Até agora, nenhum caso de infecção humana foi registrado no país. O risco de transmissão para pessoas é considerado baixo e está associado apenas a contatos diretos com aves infectadas.
No cenário internacional, o vírus H5N1 tem causado surtos em diversos países desde 2006. Desde 2022, os Estados Unidos abateram mais de 169 milhões de aves em razão da doença.
Na América do Sul, Argentina, Chile e Peru enfrentaram focos em granjas comerciais nos últimos dois anos. A proximidade geográfica e o fluxo migratório de aves mantêm o alerta para o Brasil.
O Mapa orienta a população a reportar qualquer ocorrência de morte ou comportamento anormal em aves ao serviço veterinário local.