Entre os dias 14 e 16 de maio, Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha, foi palco de uma imersão singular promovida pela Dü Design em parceria com a ContTi Home Design. A experiência Conexão Raízes reuniu um grupo seleto de arquitetos de Florianópolis para apresentar os processos criativos e produtivos da coleção Regenera — linha de mobiliário que traduz, em forma e matéria, o pensamento regenerativo aplicado ao design contemporâneo.
A jornada propôs mais do que uma visita técnica: foi um mergulho na marca, que há anos pesquisa modos de tornar o mobiliário um agente de transformação ambiental, social e estética. Participaram da experiência os arquitetos Marcelo Wolschick de Proença e Alexandre Muller (Woho Arquitetura), Beatriz Zeglin, Mariana Maisonnave, Bianca Schuch, Gustavo Cardoso, Jéssica Bosquetti e Bia Gonçalves Crippa e Julia Correa Apel (Bi.Ju Arquitetura).
Os profissionais vivenciaram o percurso completo da produção — da visita à fábrica da Dü Design à observação do processo de desenvolvimento de substratos naturais, criados a partir dos resíduos da madeira Uva do Japão. A marca trabalha com essa espécie invasora como matéria-prima principal de suas coleções, explorando uma cadeia produtiva circular que gera não apenas móveis, mas também insumos para cultivo de alimentos. “A Dü nasceu do desejo de tentar recuperar um ecossistema por meio da criação de peças que traduzissem a potência estética da regeneração. Tudo parte da observação dos sistemas naturais, que coexistem conosco de forma silenciosa e essencial”, afirmou a designer Rejane Carvalho Leite, responsável pelo desenvolvimento de todas as linhas da Dü Design.
Peças como a cadeira Ostra, o sofá Micélio, a mesa Lamelas e a poltrona Bloco foram apresentadas em seus contextos originais de criação.
Matéria, método e mensagem
Escritórios Woho Arquitetura, Beatriz Zeglin, Mariana Maisonnave, Bianca Schuch, Gustavo Cardoso, Bi.Ju Arquitetura, Jéssica Bosquetti e a designer Rejane Carvalho Leite
A escolha da Uva do Japão — espécie considerada invasora no sul do Brasil — como insumo principal é, por si só, uma afirmação de preocupação com o meio ambiente. Depois de anos de testes, a madeira revelou-se ideal para marcenaria, unindo leveza, resistência e uma estética singular.
Além disso, a Dü Design estruturou uma cadeia de produção que transforma os descartes em substratos vivos, gerando não apenas mobiliário, mas também alimentos. Esse desdobramento resultou na criação da Dü Organics, um novo braço voltado à produção de cogumelos em sistemas que fecham o ciclo entre natureza, design e nutrição.
Para Daniel Bauer, diretor da Dü Design, essa abordagem representa uma mudança de paradigma. “Estamos acostumados a pensar o design como algo que consome recursos. Mas a intenção da Dü é convidar a enxergar o design como algo que devolve, que cura, que alimenta — em todos os sentidos.”
Rogério Lemos, diretor da Contti Home Design, ressalta a relevância dessa transformação. “O que vemos aqui é uma visão de futuro sendo praticada no presente. Ao transformar um passivo ecológico em ativo criativo, não apenas solucionamos um problema ambiental, como também criamos valor de maneira autêntica e duradoura.”
Design como gesto de cuidado
Ao aproximar natureza e projeto, arte e ciência, a Dü Design reafirma o papel do design como mediador entre cultura e ambiente. Em vez de impor formas, escuta a matéria. Em vez de acelerar, abranda. Em tempos de crise climática e esgotamento de modelos industriais, a marca propõe uma alternativa: o design como gesto regenerativo — capaz de transformar espaços, relações e, sobretudo, percepções.
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