O debate sobre o retorno do horário de verão volta ao centro das atenções no Brasil, desta vez trazendo um risco real e iminente, um possível colapso no fornecimento de energia elétrica. A proposta ganhou força após a reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, realizada na última quarta-feira (14), quando o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Márcio Rea, defendeu a reativação da medida já para 2025.
“O retorno do horário de verão é uma decisão política. Passa pelo Ministério de Minas e Energia e, por fim, chega até o presidente Lula”, afirmou Rea durante a reunião. Extinto em 2019 sob o argumento de que havia perdido eficácia com as mudanças no perfil de consumo energético da população, o horário de verão agora volta à mesa por um motivo urgente, o aumento expressivo no uso de eletricidade entre 18h e 19h, exatamente quando a energia solar começa a perder força e o sistema precisa de suporte adicional.




Segundo o ONS, o cenário atual preocupa. “O Brasil enfrenta um período de seca e os últimos meses apresentaram uma redução na precipitação, o que é motivo de preocupação por parte das autoridades”, destacou Márcio Rea.
Níveis críticos
Reservatórios no Sul do país, por exemplo, já operam em níveis críticos. Diante disso, o ONS vem sugerindo uma série de medidas emergenciais, como a ativação de usinas térmicas e a antecipação do funcionamento de termoelétricas que estavam previstas para entrar em operação nos próximos meses.
Outro fator que agrava a situação foi o cancelamento do leilão de reserva de capacidade, que estava programado para junho. Esse leilão garantiria a contratação de usinas para fornecimento de energia a partir de setembro. Sem ele, o sistema elétrico fica mais vulnerável em períodos de alta demanda.
Segundo o ONS, caso o governo não adote medidas preventivas, como a volta do horário de verão, a chance de falhas no fornecimento crescerá ano após ano.