O DJ Alok, 33, lançou um manifesto que crítica o uso desenfreado de inteligência artificial (IA) e defende a importância da atuação humana por trás da tecnologia nas artes.
“Keep Arte Human” (do inglês, mantenha a arte humana) está em consonância com conceito apresentado pelo goiano nos shows que ele fez na edição do Coachella deste ano. Alok trouxe para o palco dançarinos treinados pela Urban Theory que substituíram os telões e criaram um painel interativo humano.
“Teve gente que assistindo ainda achava que era IA, ou alguma computação gráfica. Quando a gente prova que é capaz de fazer uma coisa ainda mais legal que a IA, a gente pode vir com esse manifesto. Como eu sempre uso tecnologia na minha carreira, eu tenho propriedade para falar disso”, afirmou o artista em coletiva de imprensa.
No manifesto, Alok explica que a IA deve ser vista como uma aliada dos artistas, e não em substituição de seu talento. Ele também quer chamar atenção para os limites regulatórios e a segurança em torno desse tipo de tecnologia.
“Para você fazer arte, precisa de alma. Não trata a tecnologia como inimiga, mas como aliada. É um momento de resistência, de se posicionar, nós, artistas, temos que fazer a manutenção da cultura. Não tem debates sobre segurança da IA. Nem quem inventou sabe as consequências, quando começa a atingir a minha área, minha cultura, tenho que me posicionar, tentar integrar e não tirar nosso lugar. Como sempre uso tecnologia a favor na minha carreira, tenho propriedade para falar. Os drones, por exemplo, são todos programados, a criação é guiada por humanos”, ponderou.
Confira o manifesto na íntegra:
KEEP ART HUMAN
A arte é a expressão da alma.
Entre o ruído e o silêncio das máquinas, ela nos lembra que ainda choramos, ainda sonhamos, ainda dançamos.
A alma é singular, incontrolável, imprevisível.
Não tem forma, não tem código e não depende de atualizações.
Ela é o tremor da mão que cria, o coração acelerado que se expressa, as veias que pulsam com a urgência de contar histórias.
Nenhuma inteligência artificial é capaz de capturar completamente a emoção que guia o traço de um pincel, o movimento de uma dança, o erro de uma tentativa.
Keep Art Human é um convite para celebrar a arte de viver, e mostra que a vida não é um algoritmo, é uma representação de nós mesmos — imperfeitos, contraditórios, humanos.
Alok e Urban Theory erguem um manifesto em meio a luzes e movimentos, amplificando as vozes daqueles que ainda acreditam na arte como um ato de existência.
Keep Art Human não rejeita a tecnologia: valoriza a alma por trás da criação, potencializando nossas ações.
Drones, luzes e ferramentas digitais são instrumentos incríveis para encantar as pessoas, desde que guiados pela emoção humana, e não por inteligências artificiais ou quaisquer outras reproduções sintéticas da nossa sensibilidade criativa.
Esses recursos se unem não para ofuscar a arte, mas para iluminá-la, fazendo da tecnologia uma aliada, não uma substituta.
Este é o nosso manifesto vivo: a revolução não é digital, é humana.
Enquanto houver alma, haverá arte. E onde houver arte, existirá humanidade para contar sua própria história.
Keep Art Human é uma reflexão sobre uma verdade inquestionável: se existe algo a ser copiado é porque antes foi vivido.
Show no Pacaembu
A proposta de Alok é levar esse manifesto para o show da turnê “Aurea” que ele fará na Arena Mercado Livre Pacaembu, localizada na zona oeste da cidade de São Paulo, no dia 28 de junho. O DJ explicou que quer aproveitar o trabalho do Urban Theory usado no Coachella na apresentação e promover uma união entre a tecnologia e a pirotecnia, que marcam suas performances, com o efeito humano.
Pelo caráter inédito, a apresentação ainda está sendo desenvolvida pelo artista, conforme ele revelou durante uma coletiva de imprensa.
“Esse vai ser um show diferente de tudo, inclusive para a gente. Tem a parte do Coachella, mas tem toda uma nova parte de dançarinos, integrados com lasers e drones. A proposta da dinâmica do palco é muito diferente de tudo o que eu já fiz”, explicou.
Os ingressos para o show de Alok no Pacaembu no site oficial da Ingresse. As entradas vão de R$ 70 (meia-entrada da arquibancada central) a R$ 900 (inteira do camarote open bar), com 30% de desconto com clientes do Banco do Brasil.
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Alok lança manifesto contra uso desenfreado de IA nas artes; entenda no site CNN Brasil.
