Ednaldo Rodrigues foi afastado da presidência da CBF nesta quinta-feira (15) por decisão Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). O desembargador Gabriel De Oliveira Zefiro, da 19ª Câmara Cível, acatou pedido de Fernando Sarney, vice-presidente da CBF.
A decisão da Justiça foi motivada por uma suposta falsificação da assinatura do Coronel Nunes, um dos vice-presidentes da entidade, em um documento que, na prática, mantinha Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF.
Acordo com assinatura suspeita
Em janeiro deste ano, o ministro Gilmar Mendes, do STF, homologou um acordo entre a CBF, cinco dirigentes da entidade e a Federação Mineira de Futebol (FMF) que reconhecia a Assembleia Geral Extraordinária e a Assembleia Geral Eleitoral, responsáveis pela eleição de Ednaldo Rodrigues como presidente da CBF, em março de 2022. Dessa forma, Ednaldo foi mantido no cargo, já que a ação no Supremo, que colocava sua eleição em risco, deixou de existir.
Assinaram o documento: Antônio Carlos Nunes de Lima (Coronel Nunes), Castellar Neto, Fernando Sarney, Gustavo Feijó, Rogério Caboclo, a Federação Mineira de Futebol e a própria CBF.
No entanto, Fernando Sarney, vice-presidente da CBF, e a deputada Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), conhecida como Daniela do Waguinho, pediram a revisão da assinatura do Coronel Nunes neste acordo, questionando a veracidade da rubrica.
O pedido foi negado pelo STF no dia 7 de maio. Gilmar Mendes entendeu que “não havia, à época, quaisquer elementos nos autos que levassem à compreensão ou sequer suspeitas de ocorrência de simulação, fraude ou incapacidade civil dos envolvidos”.
Apesar da negativa, a decisão também determinou que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro apurasse o caso com urgência.
Apuração e afastamento
Intimado a comparecer em audiência pelo TJ-RJ no dia 12 de maio, o Coronel Nunes não pôde ir por condição de saúde. André Mattos, diretor jurídico da CBF, disse que Nunes estava impossibilitado de participar da reunião, mesmo de forma remota.
Sem a presença do Coronel Nunes, o desembargador Gabriel De Oliveira Zefiro baseou a decisão desta quinta-feira em um atestado médico de Coronel Nunes, de maio de 2023, que revela déficit cognitivo, hidrocefalia, tonturas e ataxia. O desembargador também considerou um exame de grafodocumentoscópico (perícia de assinaturas e documentos) na assinatura do ex-dirigente em outros documentos.
Dessa forma, a decisão do desembargador foi por anular o acordo firmado em janeiro “em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da assinatura de um dos signatários, Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido por Coronel Nunes.”
Fernando Sarney assume
A decisão do TJ-RJ também determinou Fernando Sarney, vice-presidente da CBF, como interventor da CBF para que realize a eleição para os cargos diretivos da CBF, “o mais rápido possível”.
De acordo com o documento, Sarney foi o escolhido para a realização do pleito por ser o vice-presidente mais antigo da instituição. O empresário está na CBF desde 1998, quando ocupou primeiramente o cargo de diretor de relações governamentais durante o mandato de Ricardo Teixeira. Sarney se manteve em todas as próximas administrações.
Este conteúdo foi originalmente publicado em CBF e Ednaldo: entenda o caso de forma didática no site CNN Brasil.