Quem escolhe o nome do Papa? Entenda o processo

Logo após a eleição do novo Papa Leão XIV na última quinta-feira (8), um ritual tradicional se repetiu no Vaticano. O cardeal decano fez a pergunta formal em latim “Quo nomine vis vocari?”, que significa “Com que nome queres ser chamado?”. É neste momento em que o novo pontífice decide qual nome usará durante todo o seu papado.

O novo Papa pode optar por homenagear um pontífice anterior ou sinalizar uma nova abordagem para a Igreja. A decisão precisa ser feita antes mesmo de sua primeira aparição ao público.

Entenda o simbolismo por trás dos nomes papais

A tradição de mudar o nome começou no ano 533, quando o Papa João II decidiu abandonar seu nome de nascimento, Mercúrio por ser associado a um deus romano pagão. Desde então, adotar um novo nome tornou-se regra. O último pontífice a manter o nome de batismo foi Adriano VI, no século XVI.

A inspiração costuma vir de papas anteriores. Em 2005, por exemplo, Joseph Ratzinger tornou-se Bento XVI em homenagem a Bento XV, apelidado de “Papa da Paz” durante a Primeira Guerra Mundial. Já em 1978, Karol Wojtyła escolheu ser João Paulo II como uma homenagem ao breve pontificado de João Paulo I, falecido apenas 33 dias após assumir.

João Paulo I também fez história ao ser o primeiro a adotar um nome duplo, em homenagem aos papas João XXIII e Paulo VI. Nem sempre a escolha de nome segue a linha tradicional. Em 2013, Jorge Bergoglio surpreendeu ao escolher o nome Francisco, inspirado em São Francisco de Assis.

Depois, ele explicou a motivação em um encontro com jornalistas: “Uma Igreja para os pobres”, disse, ao evocar o legado do santo italiano. A ideia surgiu de um comentário do cardeal brasileiro Cláudio Hummes, que faleceu em 2022. “Ele me disse: ‘Não se esqueça dos pobres’”, contou Francisco à imprensa.

Saiba quais nomes são comuns e evitados

Entre os nomes mais utilizados na história da Igreja, João lidera com 21 ocorrências, seguido por Gregório (16), Bento (15), Clemente (14), Leão e Inocêncio (13 cada). Já nomes como Pio, apesar de muito comuns no passado, vêm sendo evitados.

O motivo é a figura de Pio XII, acusado por parte da historiografia de ter mantido silêncio frente ao Holocausto. Mesmo assim, Pio segue como o sétimo nome mais adotado por Papas. Outros nomes raros já utilizados incluem Simplício, Zacarias e Teodorico.

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