Durante uma mesa no Festival Literário Internacional de Poços de Caldas (Flipoços), realizado na quarta (30/04), a escritora Camila Panizzi Luz protagonizou uma fala considerada racista e acabou sendo retirada do evento.
Tudo começou quando Camila chamou o escritor Wesley Barbosa, autor do livro Viela Ensanguentada, para subir ao palco e falar de sua obra. Até aí, tudo bem. Contudo, no meio da conversa, Camila disse: “Como que faz pra ser neomarginal? Eu quero ser uma neomarginal, gente. Olha que tudo! Camila Luz, neomarginal. Nunca fui presa.” No momento, o público ficou sem reação, e Wesley, visivelmente desconfortável, respondeu: “Também nunca fui preso.”


Nas redes sociais, o comentário da escritora repercutiu negativamente, sendo amplamente apontado como racista e desrespeitoso, especialmente por ignorar o peso histórico e social do movimento neomarginal, que dá voz à literatura das periferias desde os anos 70.
Em nota oficial, o Flipoços classificou o episódio como “lamentável e de cunho racista” e anunciou a exclusão de Camila Luz da programação e a retirada imediata de seus livros do estande de vendas. Além disso, o festival garantiu que vai rever seus critérios de curadoria.
Wesley se pronunciou
“A poesia não é uma barata que você pisoteia ou uma mosca que você espanta e vai para longe; a poesia é a vontade de persistir, de construir, de criar, de atravessar a ponte, como todos nós fazemos todos os dias, quando não nos calamos perante uma fala racista, uma fala que mais exclui do que inclui”, escreveu.
Em outro trecho, ele acrescentou: “A certeza também é traiçoeira. A certeza nos faz de trouxas. A certeza é uma escritora rindo da sua cara e debochando enquanto você tenta se expressar e falar de poesia; mas ontem a poesia foi mais forte, ontem a poesia reinou. A poesia disse: não falemos de racismo hoje. Falemos sobre sonhos e revoluções, dessas coisas que nós só conseguimos com perseverança, pois os livros são como marretas pesadas quebrando as paredes da ignorância. E hoje, todos que aqui estão irão presenciar a força e a potência da marginalidade poética.”
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