Índia dá ao seu exército ‘liberdade’ operacional para responder ao ataque na Caxemira

Um membro da guarda de fronteira indiana examina o passaporte e os documentos de uma paquistanesa, acompanhada de seu marido, um cidadão indiano, no posto fronteiriço de Wagah entre Índia e Paquistão, em 29 de abril de 2025Narinder NANU

Narinder NANU

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, deu permissão nesta terça-feira (29) ao seu exército para que realize uma operação militar em resposta ao atentado mortal cometido em 22 de abril na Caxemira, que Nova Délhi atribui ao Paquistão.

A tensão entre Índia e Paquistão aumentou fortemente desde o atentado, quando 26 pessoas morreram na cidade turística de Pahalgam, na parte da Caxemira administrada pela Índia.

Nova Délhi acusa Islamabad pelo ataque, e o Paquistão nega e pede uma investigação “neutra”.

Nesta terça-feira, durante uma reunião a portas fechadas, Modi “disse às forças armadas que tinham liberdade para decidir os objetivos, o momento e o tipo de resposta indiana ao ataque”, declarou, pedindo anonimato, uma fonte governamental à AFP.

Por sua vez, o primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, instou o secretário-geral da ONU, António Guterres, a “aconselhar a Índia a atuar com responsabilidade e manter a moderação”. Também insistiu que “o Paquistão deverá defender sua soberania e sua integridade territorial com todas as suas forças se ocorrer qualquer infortúnio por parte da Índia”.

Guterres reiterou nesta terça sua “firme condenação” ao ataque de 22 de abril e instou a Índia e o Paquistão a “evitar um confronto que pode levar a consequências trágicas”.

Nova Délhi acusa Islamabad pelo atentado, o mais letal cometido contra civis nesta região, de maioria muçulmana, em mais de 20 anos.

Há várias noites, tiroteios com armas leves têm sido registrados entre soldados paquistaneses e indianos ao longo da “linha de controle” que separa a Caxemira entre os dois países.

Em resposta ao atentado, Nova Délhi reduziu as relações diplomáticas, retirou os vistos para paquistaneses e anunciou o fechamento do principal ponto de passagem na fronteira terrestre entre os dois países, entre outras medidas.

Já Islamabad ordenou a expulsão de diplomatas e assessores militares indianos, cancelou vistos para indianos e proibiu o acesso de aviões indianos ao seu espaço aéreo.

A Caxemira é dividida entre Índia e Paquistão desde sua independência em 1947. Ambos reivindicam a soberania sobre todo o território, mas governam em partes separadas.

Grupos rebeldes têm travado desde 1989 uma insurgência na parte controlada pela Índia, demandando sua independência ou sua fusão com o Paquistão.

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