Deputada federal que denunciou ex-marido por agressão expõe abuso psicológico: ‘Dor física é terrível, mas a dor mental é muito maior’


Marussa Boldrin publicou uma carta aberta nas redes sociais “por todas as mulheres que já silenciaram a sua dor”. Ex-casal, que estava junto há oito anos, se divorciou formalmente em março de 2025 Deputada federal denuncia que foi agredida pelo ex-marido
Reprodução/Assessoria Marussa Boldrin
A deputada federal Marussa Boldrin (MDB-GO), que denunciou o ex-marido por agressão física, expôs que também sofreu abuso psicológico. A parlamentar publicou uma carta aberta nas redes sociais “por todas as mulheres que já silenciaram a sua dor” na manhã de segunda-feira (28). Ao g1, ela relatou ter sido vítima de ameaças e humilhações dentro de casa.
“Eu vivi um abuso psicológico tão grande até chegar ao físico. A dor física é terrível, mas a dor mental é muito maior. Eu estava com o meu psicológico dentro da minha casa tão abalado que eu chegava a pensar que ele estava certo”, contou ao g1.
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Marussa destacou que sofreu a primeira agressão em 2023. O ex-casal, que estava junto há oito anos, se divorciou formalmente em março de 2025, após a deputada ser agredida fisicamente mais uma vez.
Em nota, o ex-marido, Sinomar Vaz de Oliveira Júnior, informou que todas as questões relativas ao processo de divórcio estão sendo tratadas na esfera judicial, sob segredo de justiça. A nota ainda disse que as redes sociais não são o meio adequado para tratar de questões familiares (leia o pronunciamento completo ao final do texto).
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) também se manifestou sobre o ocorrido e ressaltou que “io processo tramita em segredo de justiça e, portanto, não possui acesso aos autos para eventual análise de conduta ética” (leia a nota completa ao final do texto).
No texto publicado no Instagram, ela mencionou que as agressões psicológicas começaram após o nascimento da primeira filha. Mesmo após a segunda gravidez, a deputada pontuou que a violência doméstica não cessou.
“Ao invés da relação dar sinais de melhora, os abusos se transformaram em pesadelos diários e a pressão psicológica e moral passaram a ser regra dentro de um lar que deveria ser um porto seguro”, pontuou.
Romper o silêncio
A deputada mencionou que se manteve calada por muito tempo por medo e que se manteve no casamento pensando nos dois filhos. “Durante anos, fui silenciada dentro da minha própria casa. Fui desvalorizada, desacreditada, diminuída como mulher, como mãe e como profissional”, declarou Marussa.
Ao explicar o motivo de publicar sobre as agressões neste momento, a parlamentar explicou que precisava estar bem. “Eu vejo que tudo na vida da gente tem uma maturação. Você precisa estar bem para enfrentar os desafios”, esclareceu.
“Finalmente resolvi falar. Tive coragem de procurar a delegacia, de fazer o boletim de ocorrência, o corpo de delito, e pedir uma medida protetiva. Porque não cabe amor onde existe violência. Eu sobrevivi”, disse a deputada.
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Marussa contou ainda que quer conversar e ajudar outras mulheres. “Eu preciso preparar essas mulheres para terem coragem também, pois a gente não está sozinha”, declarou.
O g1 tentou contato com a Polícia Civil do Distrito Federal para mais informações sobre a denúncia e sobre o andamento da investigação, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Repercussão e apoio
Após a publicação da carta aberta, a deputada federal recebeu o apoio de figuras públicas. Em nota, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, manifestou solidariedade e destacou que “sua coragem em denunciar a violência que sofreu é um exemplo de força para todas as mulheres”.
“Não podemos aceitar, em hipótese alguma, que a violência contra a mulher ainda persista em nossa sociedade. Isso é um absurdo que deve ser combatido com firmeza. Marussa, você não está sozinha. Reafirmo meu compromisso de lutar sempre pela proteção e dignidade das mulheres. Conte com meu apoio”, finalizou Caiado.
O partido da parlamentar, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), publicou que Marussa não está sozinha e que receberá apoio irrestrito (leia a nota completa abaixo).
“Mesmo com a força de sua trajetória pública, como uma jovem liderança política, ela decidiu encarar o desafio que tantas mulheres enfrentam: romper o silêncio e buscar proteção.Seguiremos firmes na defesa da dignidade, da segurança e da liberdade de todas as mulheres”, disse o MDB.
Nota da defesa de Sinomar Vaz de Oliveira Júnior
Em respeito à verdade dos fatos, Sinomar Vaz de Oliveira Junior esclarece que todas as questões relativas ao processo de divórcio estão sendo devidamente tratadas na esfera judicial competente, sob segredo de justiça, conforme previsto em lei.
No processo, foi evidenciada a violação dos deveres conjugais de respeito e fidelidade por parte de sua ex-esposa, além de outros fatos relevantes que demonstram a responsabilidade pela dissolução da união. Tais aspectos estão formalmente apresentados na contestação e serão apreciados pela Justiça no momento oportuno.

Sinomar Vaz de Oliveira Júnior reforça que as redes sociais não são o meio adequado para tratar de questões familiares tão sensíveis, reafirmando seu compromisso com a ética, a responsabilidade e o devido respeito à intimidade das partes envolvidas.
Nota da OAB Goiás
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) informa que tomou conhecimento do caso, por meio de informações divulgadas em canais de comunicação, nesta segunda-feira, 28 de abril, acerca da suposta acusação de violência doméstica envolvendo o advogado.
A Seccional esclarece que o processo tramita em segredo de justiça e, portanto, não possui acesso aos autos para eventual análise de conduta ética. Nessas situações, o acompanhamento pela Ordem depende de provocação voluntária das partes envolvidas no processo.
A OAB-GO reforça que, mesmo em casos não vinculados ao exercício da advocacia, permanece à disposição para, em caso de provocação, analisar os fatos com responsabilidade, observando rigorosamente o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, conforme garantido pela Constituição Federal. Além disso, reitera que, nos termos do art. 72, § 2º, da Lei Federal nº 8.906/94, todos os processos disciplinares são sigilosos, não sendo permitida a divulgação das providências eventualmente adotadas, nem mesmo acerca de sua instauração.
Nota do MDB Brasil e MDB Mulher
Romper o silêncio exige coragem. Apoiar quem rompe esse silêncio é um dever de todos nós. Marussa Boldrin não está sozinha. Nenhuma mulher deve estar — e, no que depender de nós, não estarão.
O MDB e o MDB Mulher apoiarão irrestritamente a deputada federal Marussa Boldrin, que, com coragem, tornou pública sua experiência de violência doméstica, compartilhando, em carta aberta, a dor e a superação de um ciclo de abuso, representando milhares de mulheres que também enfrentam essa realidade.
Mesmo com a força de sua trajetória pública, como uma jovem liderança política, ela decidiu encarar o desafio que tantas mulheres enfrentam: romper o silêncio e buscar proteção.
Seguiremos firmes na defesa da dignidade, da segurança e da liberdade de todas as mulheres.
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