A onça-pintada que atacou o caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, deve ser destinada a uma instituição mantenedora de fauna preparada para recebê-la e será incorporada ao Programa de Manejo Populacional da Onça-Pintada, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
O destino do animal deve ser decidido no âmbito do programa que busca conservar a espécie em todos os biomas brasileiros.
Após a captura do felino realizada pela Polícia Militar Ambiental (PMA) na última quinta-feira (24), no Pantanal, a onça foi levada ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande (MS). No local, médicos veterinários constataram que o animal, um macho de 94 kg, estava 26 kg abaixo do peso médio da espécie e apresentava órgãos comprometidos.
Segundo o professor e pesquisador Gediendson Araújo, especialista em animais de grande porte da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), não é comum que uma onça desse tamanho esteja tão magra. Essa condição levantou suspeitas de que a saúde do animal poderia ter contribuído para o ataque.
Após a recuperação, o animal não deve voltar à região de mata.
Ataques de onça são comuns?
A equipe do Centro de Pesquisa (CENAP) do ICMBio informou que ataques de onça contra humanos são extremamente raros e, os letais, praticamente inexistentes. Até hoje, foram confirmados oficialmente apenas dois casos no Brasil. Segundo a instituição, ocorrências podem ser sub notificadas, sendo descritos em estudos outros casos atestados por especialistas, mas sem a averiguação oficial in loco.
“De qualquer forma, certas situações, principalmente as que envolvem habituação, como neste incidente, podem aumentar as chances de acidentes. Esse hábito representa risco para os moradores locais e visitantes, pois faz com que as onças percam o medo da presença humana”, completou o CENAP.
Relembre o caso
O caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, foi atacado e morto por uma onça-pintada na região de mata de Touro Morto (MS), a cerca de 230 km de Campo Grande. Ele foi morto na segunda-feira (21) e seu corpo foi localizado na terça (22).
Jorge foi atacado enquanto tentava coletar mel em um deck próximo da mata. Moradores da região relatam que o ataque foi repentino e que um homem que localizou a vítima encontrou marcas de sangue e vestígios da presença do animal.
Os restos mortais da vítima foram encontrados seguindo as trilhas deixadas pelo animal na mata. O corpo era arrastado pela onça por mais de 50 metros quando os agentes chegaram ao local.
O que sabemos sobre o caso do caseiro devorado por onça em MS
Como é a região onde o homem foi atacado
A região de Touro Morto, local onde um homem de 60 anos morreu após ser atacado por uma onça-pintada, está localizada no município de Aquidauana, no estado de Mato Grosso do Sul. A área é de difícil acesso e está situada a aproximadamente a 150 quilômetros da cidade de Miranda.
Caracterizada pela natureza selvagem, com vegetação densa e rica biodiversidade, a região é parte integrante do bioma do Pantanal sul-mato-grossense. A área territorial do município é de 17.008,5 Km², e deste total 75% é coberto pelo Pantanal.
Um estudo realizado pelo Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio) mostra que o Pantanal é o bioma brasileiro com maior índice de espécies preservadas. A região é habitat natural de diversos animais, incluindo a onça-pintada e a onça-parda.
O pesquisador Heriberto Gimenes Junior, mestre em Biologia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), destaca que a geografia da região pantaneira e uma série de fatores que incluem o alto grau de conservação do ecossistema favorecem a preservação e refúgio das espécies.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Onça que matou caseiro irá para programa do ICMBio no site CNN Brasil.