Rússia diz que retomou região invadida de Kursk; Ucrânia nega afirmação

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que seu país recuperou o controle de Kursk, a região fronteiriça onde a Ucrânia lançou uma ofensiva surpresa no ano passado, embora o exército ucraniano afirme que os combates continuam.

“A aventura do regime de Kiev fracassou completamente”, declarou Putin neste sábado (26), parabenizando as forças russas que, segundo ele, derrotaram os militares ucranianos na região, o que seria um impulso simbólico para Moscou em um ponto crucial da guerra.

Mas o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia escreveu em uma publicação no Telegram que a afirmação de Putin sobre o fim das hostilidades em Kursk “não era verdadeira”.

“A operação defensiva das Forças de Defesa Ucranianas nas áreas designadas na região de Kursk continua. A situação operacional é difícil, mas nossas unidades continuam mantendo suas posições e executando as tarefas que lhes foram atribuídas”, dizia a publicação no Telegram.

A CNN não consegue verificar de forma independente os relatos do campo de batalha, mas os dois lados têm lutado para obter avanços em outras áreas da linha de frente.

Kiev lançou sua incursão de choque em Kursk em agosto, capturando rapidamente o território naquela que foi a primeira invasão terrestre da Rússia por uma potência estrangeira desde a Segunda Guerra Mundial.


Ucrânia diz ter destruído outra ponte na região russa de Kursk
Ucrânia diz ter destruído outra ponte na região russa de Kursk • REUTERS

Desde então, a Rússia, com o apoio de soldados norte-coreanos, luta para expulsar as forças ucranianas de suas fronteiras, enquanto Kiev investiu recursos preciosos para manter seu território, com o objetivo de usá-lo como moeda de troca fundamental em quaisquer negociações de paz.

A operação também foi lançada para aliviar a pressão da linha de frente oriental, em conflito.

Em seu discurso, Putin afirmou que a recaptura de Kursk “cria condições para novas ações bem-sucedidas de nossas tropas em outras áreas importantes da frente”.

Em uma publicação no Telegram, Valery Gerasimov, chefe do Estado-Maior Russo, agradeceu aos soldados norte-coreanos, elogiando seu “alto profissionalismo, firmeza, coragem e heroísmo em batalha”.

Autoridades ucranianas e relatórios de inteligência ocidentais descobriram que cerca de 12 mil soldados norte-coreanos foram enviados para lutar na Rússia.

As autoridades locais estão trabalhando para restaurar a “vida pacífica” em Kursk, informou Gerasimov, enquanto a região está sendo desminada e munições não detonadas destruídas.

Áreas florestais, porões e prédios abandonados estão sendo verificados em busca de quaisquer soldados ucranianos remanescentes, acrescentou.


Rússia diz que desativou munições não detonadas perto da usina nuclear de Kursk
Rússia diz que desativou munições não detonadas perto da usina nuclear de Kursk • Reuters

Se as alegações de Putin forem verdadeiras, as esperanças de usar Kursk como moeda de troca acabaram e a retirada da Ucrânia tem o potencial de minar a influência política de Kiev, bem como o moral de seus militares, após três anos de guerra e com esforços em andamento para alcançar a paz.

Embora os Estados Unidos tenham tentado intermediar as negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia nos últimos meses, as tensões entre os líderes dos três países fizeram com que muito pouco se concretizasse.

Em outra semana turbulenta de diplomacia, o presidente americano, Donald Trump, acusou o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, de tornar “muito difícil resolver esta guerra” por se recusar a aceitar a anexação da Crimeia pela Rússia, mas depois disse que a Rússia e a Ucrânia estavam “muito perto de um acordo”.

Novas conversas

Na manhã deste sábado (26), no funeral do falecido papa Francisco no Vaticano, Zelensky se encontrou brevemente com Trump para conversas sobre potenciais negociações de paz.

Um porta-voz da Casa Branca classificou a reunião como “produtiva”, enquanto o ucraniano agradeceu ao republicano pela reunião, escrevendo no X que ela “tem potencial para se tornar histórica, se alcançarmos resultados conjuntos”.

Poucas horas depois, na tarde de sábado, Trump levantou a possibilidade de aplicar novas sanções à Rússia por lançar uma onda mortal de ataques contra Kiev na semana passada.

“Não havia razão para Putin disparar mísseis contra áreas civis, cidades e vilas nos últimos dias”, escreveu Trump em uma publicação no Truth Social.

“Isso me faz pensar que talvez ele não queira parar a guerra, ele está apenas me incentivando e precisa ser tratado de forma diferente, por meio de ‘Bancos’ ou ‘Sanções Secundárias’? Muitas pessoas estão morrendo!!!”

 

Este conteúdo foi originalmente publicado em Rússia diz que retomou região invadida de Kursk; Ucrânia nega afirmação no site CNN Brasil.

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