Durante uma reunião no Palácio do Planalto nesta quinta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu ao caso envolvendo a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), que teve o gênero alterado para masculino em um visto emitido pelo governo dos Estados Unidos. O presidente classificou o ocorrido como “abominável” e defendeu uma resposta firme por parte do Estado brasileiro.
“Não é um decreto americano que define quem essa mulher é. Isso é papel do Brasil e da ciência”, disse Lula, sugerindo que as deputadas preparem um documento de repúdio ao Congresso norte-americano. O presidente também incentivou uma mobilização dentro da Câmara para demonstrar insatisfação institucional.
Lula pressiona Itamaraty e cobra nota oficial
Além disso, Lula afirmou que já conversou com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e exigiu uma manifestação pública da pasta. Segundo o presidente, o Itamaraty deve deixar claro que o Brasil repudia qualquer ingerência estrangeira nos documentos de seus cidadãos. “Você não foi pedir mudança de sexo, foi pedir um visto para viajar”, reforçou Lula.
Na quarta-feira (23), Erika Hilton esteve com Mauro Vieira no Ministério das Relações Exteriores. Após o encontro, contou à imprensa que saiu “desmotivada”, uma vez que o ministro demonstrou preocupação, mas não sinalizou medidas concretas para contestar a situação.
Já após a conversa com o presidente Lula, Hilton se disse mais confiante e acredita que o governo federal deve, pelo menos, emitir uma nota oficial em seu nome. A deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que também participou da reunião com o presidente, ficou encarregada de liderar uma mobilização da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados para que a Casa se posicione institucionalmente sobre o caso.
