
A consultora comercial Adrielly Silva teve reação adversa aos produtos químicos usados no processo de alisamento do cabelo e preciso até fazer hemodiálise. Usado em alisamentos, o ácido glioxílico pode liberar compostos químicos semelhantes a formol se exposto a altas temperaturas
Anna Flávia Nunes/RPC
A consultora comercial Adrielly Silva, que ficou sete dias internada em estado grave e precisou passar por três sessões de hemodiálise após fazer uma escova progressiva no cabelo, em Fortaleza, teve uma reação adversa ao ácido glioxílico, substância química utilizada no processo de alisamento.
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Conforme o boletim médico, Adrielly teve uma lesão renal grave, e a suspeita é que o corpo dela teve uma reação cutânea imediata à intoxicação pelo ácido.
A consultora comercial fez o procedimento alisante no dia 9 de abril, e já começou a ter sintomas no mesmo dia, como náusea, vômitos e dores nas costas. Quatro dias depois, foi internada com insuficiência renal grave.
O ácido glioxílico é utilizado em alguns procedimentos capilares alisantes e se tornou popular após a proibição do uso de formol para alisamento, conforme determinação da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). Apesar ser amplamente utilizado, o uso do ácido glioxílico não é regulamentado pela agência, e a substância pode gerar efeitos adversos, como o que aconteceu a Adrielly.
“Nós temos a impressão de que, por ele [o ácido glioxílico] não ter formol, por ser um alisante sem formol, é seguro. O que não é verdade. Pode gerar essas complicações no trato urinário, levando até a insuficiência renal com necessidade de fazer hemodiálise”, explica o urologista Bruno Castelo. “Não é uma alergia, não é que o corpo teve uma reação específica a esse produto. Você tem na realidade um efeito adverso. Como teve uma lesão no couro cabeludo [da Adrielly], ele [o produto] foi absorvido e gerou essas consequências. Qualquer pessoa pode ter”.
A intoxicação de Adrielly foi apontada pelo nefrologista que a atendeu quando ela foi internada em razão das fortes dores lombares que vinha sentido – dores, na verdade, provocadas pelos rins.
“Ele começou a me examinar clinicamente e viu meu cabelo descascando. Ele perguntou ‘você fez progressiva?’, eu disse ‘fiz’, ele disse ‘quando?’, eu disse ‘quarta-feira’, e ele chegou a essa conclusão que foi pela escova progressiva”, relembra a consultora.
Mulher vai parar na UTI depois de Alisamento de cabelo
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A dermatologista Érika Belizário explica que, embora seja apontado como uma alternativa ao formol, o glioxílico pode liberar compostos químicos semelhantes a formol se exposto a altas temperaturas – como aos encontrados durante o processo de alisamento, que utiliza pranchas e secadoras. A médica dá algumas dicas de como se prevenir:
“Existem alguns alertas para a hora do procedimento e após, para evitar esse tipo de situação: queimação mais intensa no couro cabeludo, ardor nos olhos, odor nasal, se você sentir isso, realmente o ideal é pedir para retirar o produto. Em casos mais graves como esse [da Adrielly], de sentir náusea, vômitos e dor abdominal, já procurar pronto atendimento”, indica.
Consultora fez alisamento antes de viajar
Adrielly Silva ficou sete dias na UTI e precisou de hemodiálise após alisar o cabelo
TV Verdes Mares
O problema começou no dia 9 de abril, pouco antes de uma viagem a trabalho. “Eu passei 8 anos sem alisar o cabelo. Por eu estar trabalhando viajando, pra facilitar meu dia a dia com o cabelo, resolvi alisar novamente. Uma amiga me indicou o salão e eu fui”, relembra Adrielly Silva, de 32 anos.
Já durante o procedimento, conhecido como escova progressiva, ela começou a se sentir mal. Primeiro, sentiu uma queimação no couro cabeludo. Depois, no momento de pranchar o cabelo, começou a ter náuseas e chegou a vomitar. Naquele momento, ela acreditou que a indisposição fosse em decorrência da marmita que ela havia almoçado.
Ainda no salão, ela passou a sentir dores nas costas, e em casa tomou um anti-inflamatório – o que, sem saber, viria a piorar sua situação. “Nunca imaginei que seriam meus rins parando. Eu imaginei que seria minha coluna por ter passado muito tempo sentada”, contou Adrielly.
Mesmo com as dores, ela viajou a trabalho no dia 10 de abril, para São Paulo. No dia 13, com a dor nas costas aumentando, a empresa adiantou seu retorno a Fortaleza. Do aeroporto, ela foi direto ao hospital, e lá descobriu que estava com insuficiência renal grave por causa da intoxicação pelo ácido glioxílico.
Após o diagnóstico, Adrielly ficou 7 dias internada, a maior parte do tempo na UTI, e foi submetida a três sessões de hemodiálise. Ela teve alta na segunda-feira (21) e vai precisar fazer acompanhamento médico para saber se os rins voltaram à normalidade. “Foi um susto grande”, comenta.
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