Gaza virou “vala comum” para palestinos, diz Médicos Sem Fronteiras

A coordenadora de emergência da ONG Médicos Sem Fronteira (MSF), Amande Bazerolle, disse em comunicado à imprensa na quarta-feira (16), que a Faixa de Gaza virou uma “vala comum para os palestinos e os que tentam os ajudar”.

“Nós assistimos em tempo real a destruição e o deslocamento forçado de toda a população”, afirmou Bazerolle.

A organização destaca que, bloqueando a ajuda humanitária no local, o governo de Israel destrói as condições necessárias para viver em Gaza.

Segundo a ONG, o cerco de Israel esgotou as reservas de alimentos, combustível e medicamentos. Dessa forma, Gaza enfrenta uma escassez de produtos necessários para o tratamento médico dos palestinos.

A organização denuncia que a falta de reabastecimento de combustível no enclave pode causar a paralisação das atividades dos hospitais.

“Os palestinos e as pessoas que tentam ajudá-los não estão seguros em lugar algum. A resposta humanitária está gravemente obstruída pela insegurança e escassez de suprimentos, o que deixa poucas ou nenhumas opções para acessar os cuidados”, acrescenta a coordenadora.

Segundo a ONG, 11 colaboradores do Médicos Sem Fronteiras já morreram desde o início do conflito.

Amande Bazerolle disse que “esse massacre dos trabalhadores humanitários ilustra a forma em que a guerra é conduzida contra a população e os que tentam ajudar.”

“As autoridades israelenses deliberadamente impedem a entrada de qualquer ajuda na Faixa de Gaza há mais de um mês. Os trabalhadores humanitários são testemunhas do sofrimento e da morte de muitos palestinos”, explica Bazerolle.

Para a coordenadora, a impunidade beneficia Israel graças ao silêncio e ao apoio “incondicional” de seus aliados.

Ela completa: “Não se trata de um fracasso humanitário, mas de uma escolha política e de um ataque deliberado contra um povo, realizado com toda a impunidade.”

O Médicos Sem Fronteira pede que as autoridades israelenses cessem a “punição coletiva” contra os palestinos.

Entenda os conflitos envolvendo Israel

No final de novembro de 2024, foi aprovado um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah. Isso acontece após meses de bombardeios do Exército israelense no Líbano. A ofensiva causou destruição e obrigou mais de um milhão de pessoas a saírem de casa para fugir da guerra.

Além disso, deixou dezenas de mortos no território libanês. Assim como o Hamas, o Hezbollah e a Jihad Islâmica são grupos radicais financiados pelo Irã, e, portanto, inimigos de Israel. A expectativa é que o acordo sirva de base para uma cessação das hostilidades mais duradoura.

Ao mesmo tempo, a guerra continua na Faixa de Gaza, onde militares israelenses combatem o Hamas e procuram por reféns que foram sequestrados há mais de um ano durante o ataque do grupo radical no território israelense no dia 7 de outubro de 2023.

Na ocasião, mais de 1.200 pessoas foram mortas e 250 sequestradas.

Desde então, mais de 50 mil palestinos morreram em Gaza durante a ofensiva de Israel, que também destruiu praticamente todos os prédios no território palestino.

Em uma terceira frente de conflito, Israel e Irã trocaram ataques, que apesar de terem elevado a tensão, não evoluíram para uma guerra total.

Além disso, o Exército de Israel tem feito bombardeios em alvos de milícias aliadas ao Irã na Síria, no Iêmen e no Iraque.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Gaza virou “vala comum” para palestinos, diz Médicos Sem Fronteiras no site CNN Brasil.

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