O traficante Gilberto Aparecido dos Santos, o “Fuminho”, que é apontado como um dos líderes da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC), conseguiu autorização da Justiça para ser transferido da Penitenciária Federal de Brasília, de segurança máxima, para um prédio estadual do Ceará.
A decisão, porém, não significa que o detento sairá de Brasília para Fortaleza. E o motivo é uma outra decisão judicial.
No pedido feito à Justiça para mudar de presídio, os advogados de Fuminho alegaram que ele cumpre os requisitos previstos na Lei de Execuções Penais para a progressão de regime, inclusive “bom comportamento carcerário”.
A CNN apurou que a decisão de “devolver” o preso para o sistema estadual se deu por conta da falta de pronúncia contra o acusado. Sem essa parte do processo, o caso foi extinto, e, assim, ele deveria retornar.
Por outro lado, Fuminho responde a mais de um caso por crimes em São Paulo. Dessa forma, o Ministério Público do estado pediu que ele permaneça no presídio federal de Brasília. A Justiça de SP então, na semana passada, decidiu que ele deve ficar sob a tutela do Ministério da Justiça, responsável pelos cinco presídios federais do Brasil.
Falta, ainda, uma decisão do juiz corregedor de Brasília, que aceita ou não a decisão do TJSP.
O homem apontado como “braço-direito” de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo da facção, foi transferido para o Sistema Penitenciário Federal a pedido da Justiça Estadual do Ceará, onde Fuminho respondia a um processo por duplo homicídio.
Ele foi denunciado como mandante dos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, executados a tiros em fevereiro de 2018, na região metropolitana de Fortaleza. Na época, a Justiça considerou que havia risco de retaliações.
Quem é Fuminho
Fuminho é o principal aliado de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, no tráfico internacional de drogas do PCC.
Ele fugiu do Carandiru em 1999 e só foi recapturado 20 anos depois, ao ser preso pela Polícia Federal em Moçambique, no continente africano, em 2020, em uma megaoperação internacional.
Investigações da Operação Mafiusi descobriram que, na época, o PCC montou uma operação avaliada em US$ 2 milhões para resgatar Fuminho da cadeia em Maputo, capital de Moçambique.
Fuminho foi condenado a 26 anos de prisão em regime inicial fechado. Desde que foi preso, cumpriu uma série de atividades para obter descontos nas penas, como leituras e resenhas, aulas de inglês, cursos profissionalizantes e a conclusão do ensino fundamental.
Quando estava foragido, Fuminho, segundo investigações, recebeu R$ 200 milhões da facção para resgatar o líder máximo do PCC da Penitenciária Federal de Brasília, onde Marcola está preso desde 2019, quando fora transferido da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior paulista.
À época, o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, anunciou a descoberta de um plano para resgatar Marcola e outros 21 líderes do PCC, que estavam na P2 de Presidente Venceslau e também em Presidente Bernardes, ambas no interior paulista.
Pouco tempo depois, em março de 2019, a pedido do promotor Lincoln Gakiya, Marcola e os 21 líderes foram transferidos para presídios federais em Brasília e Porto Velho.
Um novo plano de resgate foi descoberto no ano passado e cogitou-se a transferência de Marcola para outra unidade. Porém, integrantes do Sistema Penitenciário Federal afirmam à CNN que ele permanecerá em Brasília.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Braço-direito de Marcola, “Fuminho” sairá de presídio federal? Entenda no site CNN Brasil.