Os investimentos imobiliários da Previ entraram na mira do Tribunal de Contas da União (TCU).
O órgão de controle quer apurar a adoção de “boas práticas” nas compras, vendas e locações de imóveis feitas pelo fundo de pensão do Banco do Brasil — operações que, segundo o tribunal, podem estar expostas a distorções de valores e a decisões tomadas com base em critérios pouco técnicos.
De acordo com o TCU, o mercado imobiliário não tem a mesma transparência de ativos como ações ou títulos de renda fixa. Isso abriria brechas para avaliações com “racionalidade duvidosa”, que variam conforme os interesses dos envolvidos.
“O mesmo prédio pode ser avaliado por R$ 500 milhões ou R$ 600 milhões, de acordo com a boa-vontade que haja em cada caso”, diz o relatório.
O tribunal relembra o caso do complexo hoteleiro Costa do Sauípe, comprado pela Previ por bilhões de reais e revendido anos depois por R$ 140 milhões – com o restante do investimento registrado como prejuízo.
Mesmo com esse histórico, a Previ tem aumentado sua exposição ao setor. Os ativos imobiliários já são o terceiro maior peso na carteira do fundo, atrás apenas da renda fixa e da renda variável. No Plano 1, em 2025, eles representam cerca de R$ 13 bilhões.
O desempenho dos investimentos da Previ em imóveis também é visto como um problema pelo TCU. Em 2022 e 2023, a rentabilidade superou os 12%, mas caiu para 3% em 2024, conforme dados divulgados pela própria Previ.
Além do setor imobiliário, a Corte mira as aplicações do fundo em debêntures, onde a atuação agressiva do mercado pode envolver o pagamento de comissões altas a intermediários próximos à cúpula da Previ, segundo o tribunal.
Diante dos riscos identificados, o TCU decidiu abrir uma auditoria para investigar possíveis práticas lesivas ao erário.
O receio é de que, em caso de rombo, o Banco do Brasil tenha que aportar recursos para cobrir o déficit do fundo — o que poderia afetar o desempenho do banco na Bolsa e prejudicar seus acionistas.
A decisão foi aprovada por unanimidade. O processo será encaminhado à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal e à Controladoria-Geral da União (CGU).
Este conteúdo foi originalmente publicado em Investimentos bilionários da Previ em imóveis entram na mira do TCU no site CNN Brasil.