As dúvidas sobre o “Dia da Libertação” anunciado por Trump

Por semanas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, promoveu o dia 2 de abril como o “Dia da Libertação” na América, quando uma série de tarifas serão anunciadas para cumprir a agenda econômica do governo.

O plano permaneceu em mistério, já que Trump e seu gabinete lançando uma série de propostas conflitantes e em constante mudança.

O que se sabe até o momento:

Trump revelará seu plano tarifário na quarta-feira (2), em sua primeira entrevista coletiva no Rose Garden de seu segundo mandato, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, aos repórteres na segunda-feira (31). O gabinete estará presente no evento, disse ela.

“Quarta-feira será o Dia da Libertação na América, como o presidente Trump o apelidou com tanto orgulho”, disse Leavitt.

“O presidente anunciará um plano tarifário que reverterá as práticas comerciais injustas que vêm roubando nosso país há décadas. Ele está fazendo isso no melhor interesse do trabalhador americano”


Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca

Leavitt não forneceu detalhes sobre o que Trump anunciará. Ela sugeriu, como Trump disse repetidamente, que o presidente poderia anunciar tarifas recíprocas, igualando as tarifas de outros países dólar por dólar.

A secretária observou tarifas astronomicamente altas que alguns países cobram por produtos americanos, como uma tarifa de 250% que o Canadá tem no papel para produtos lácteos americanos.

Embora esses números sejam altos, são tarifas que provavelmente nunca serão cobradas porque nações com tarifas exorbitantes importam muito pouco dos Estados Unidos.

Ainda assim, Leavitt disse que as tarifas atlas são injustas para os americanos, e os EUA deveriam cobrar o mesmo.

“Isso torna virtualmente impossível que produtos americanos sejam importados para esses mercados, e isso deixou muitos cidadãos fora do mercado e sem trabalho nas últimas décadas”, disse Leavitt.

“Então é hora de reciprocidade, e é hora de um presidente fazer uma mudança histórica, fazer o que é certo para o povo americano, e isso vai acontecer na quarta-feira”, acrescentou.

Leavitt disse que, em última análise, cabe a Trump decidir quais tarifas impor. Ele e seus assessores se contradisseram nos últimos dias e semanas, enquanto tentavam definir expectativas sobre o que seria anunciado em 2 de abril.

Tarifas recíprocas em todos os países, a promulgação de tarifas atrasadas de 25% no México e Canadá, e tarifas sobre madeira, cobre, produtos farmacêuticos e microchips, foram propostas. Trump já anunciou tarifas automotivas que devem entrar em vigor no dia 3 de abril.

Mas em vários momentos, autoridades e o presidente jogaram água fria em seus próprios planos tarifários. Eles sugeriram, por exemplo, que tarifas sobre vários setores e produtos poderiam ser anunciadas até junho.

Na semana passada, a Bloomberg e o Wall Street Journal relataram que tarifas recíprocas entrariam em vigor para apenas alguns de países. E Trump disse na semana passada que as tarifas que ele planeja anunciar na quarta-feira seriam “muito mais generosas” do que as que outros países cobram dos EUA.

No domingo (30), a bordo do Air Force One, Trump disse que suas tarifas recíprocas seriam colocadas em prática em todos os países como um ponto de partida e então ele as negociaria para baixo, se necessário.

Leavitt disse na segunda-feira que Trump continua a discutir planos com sua equipe.

“Ele tem uma equipe brilhante de consultores comerciais”, disse Leavitt, listando o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, o Secretário de Comércio, Howard Lutnick, o Representante Comercial dos EUA, Jamieson Greer, o consultor comercial, Peter Navarro, o assessor sênior Stephen Miller e o Vice-Presidente JD Vance.

“Todos esses indivíduos apresentaram planos ao presidente sobre como fazer isso, e é decisão dele”, acrescentou.

Navarro disse no domingo que esperava que os Estados Unidos pudessem arrecadar US$ 600 bilhões por ano com a receita tarifária, o que equivaleria ao maior aumento de impostos desde a Segunda Guerra Mundial.

No entanto, essa matemática é duvidosa, porque as tarifas são projetadas para mudar o comportamento de compra dos americanos para comprar produtos feitos nos Estados Unidos — e evitar pagar tarifas.

Além disso, como os economistas esperam que as tarifas aumentem os custos de diversos produtos, alguns americanos podem reduzir seus gastos e evitar pagar tarifas sobre produtos que não estão mais comprando, para evitar a inflação.

Isso pode acabar prejudicando a economia. Ameaças tarifárias fizeram o sentimento do consumidor despencar nos últimos meses. Analistas de Wall Street, do Goldman Sachs e do JPMorgan disseram que as chances de uma recessão nos EUA estão aumentando.

Este conteúdo foi originalmente publicado em As dúvidas sobre o “Dia da Libertação” anunciado por Trump no site CNN Brasil.

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