Hackers atacaram Paraguai, mas não há evidência sobre Brasil, diz chanceler

O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, disse nesta segunda-feira (31) que seu país já foi alvo de ataques cibernéticos, mas não há evidências de que um deles tenha vindo do Brasil.

As declarações foram feitas após reportagem do UOL indicar uma suposta espionagem pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ao governo paraguaio para obter informações sigilosas sobre a negociação de tarifas da mega hidrelétrica de Itaipu.

Elas também aconteceram antes da nota do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negando qualquer envolvimento com a operação.

“Nosso país foi alvo de ataques cibernéticos, no ano passado teve uma denúncia importante da ação hacker que sofreu através de organismos da China continental e estamos trabalhando com países aliados, por exemplo, o Comando Sul nos apoiou nessas investigações”, disse o chanceler paraguaio

“Não temos nenhuma evidência de que o Brasil tenha atacado nosso sistema”, adicionou.

Lezcano afirmou também que uma investigação sobre os ataques foi aberta e que a informação das negociações internacionais do Paraguai estão protegidas e que nenhum dos ataques foi bem-sucedido.

O ministro paraguaio afirmou ainda ter falado sobre o caso com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira.

Mais cedo, o ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Javier Giménez, disse à emissora local ABC TV ter suspendido reuniões para conversar com o ministro das Tecnologias da Informação e Comunicação paraguaio, Gustavo Villate, sobre o episódio.

Giménez destacou estar encarando a denúncia “com muita seriedade”, porque, segundo ele, se trataria de um evento sem precedentes”.

Ele ressaltou, no entanto, que o governo de Santiago Peña será cauteloso e que esperaria a versão oficial do governo brasileiro e a averiguação da veracidade do episódio.

O ministro paraguaio comentou que a informação da suposta espionagem gerou preocupação por se tratar de “uma questão de princípios e de confiança”.

Versão brasileira

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu uma declaração oficial negando categoricamente o envolvimento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva em uma suposta ação hacker contra o governo do Paraguai.

“A citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da ABIN em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato”, manifestou o Itamaraty em nota.

A CNN apurou que o caso é investigado pela Polícia Federal (PF) no âmbito do inquérito da “Abin paralela”, onde depoimentos de servidores da agência destacam uma ação hacker contra o Paraguai.

Um servidor do órgão de inteligência brasileiro comunicou esse uso em depoimento à PF em novembro do ano passado. A PF recebeu o mesmo relato de outro servidor da agência e investiga se a atual cúpula deu aval para a ação.

Segundo os servidores, os ataques não partiram do Brasil. A ação foi feita a partir do Chile e Panamá, após a instalação de usuários virtuais nessas localidades.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Hackers atacaram Paraguai, mas não há evidência sobre Brasil, diz chanceler no site CNN Brasil.

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