MP denuncia atiradores e intermediários de ataque contra ex-prefeito

O Ministério Público de São Paulo denunciou cinco pessoas por tentativa de homicídio, com quatro qualificadoras, pelo planejamento e execução de um ataque forjado contra José Aprígio (Podemos), ex-prefeito de Taboão da Serra.

Na época do suposto atentado, Aprígio ainda era prefeito da cidade e teria feito o plano para impulsionar a candidatura à reeleição em 2024.

Segundo a denúncia do MP enviada à Justiça na segunda-feira (24), houve a confirmação que duas pessoas foram responsáveis por intermediar e planejar o crime e outros três agiram como executores, além de atuarem na fuga do local.

A Promotoria ainda denunciou os cinco investigados por associação criminosa, adulteração e incêndio de veículo.

Segundo a Polícia Civil e o MP, o ataque foi forjado para que Aprígio se vitimizasse e ganhasse vantagem eleitoral no segundo turno das eleições municipais contra o candidato Engenheiro Daniel (União Brasil).

O suposto atentado ocorreu em 18 de outubro de 2024, quando o veículo blindado de Aprígio foi atingido por disparos de fuzil.

O ataque aconteceu no momento em que o político visitava os bairros atingidos pelas fortes chuvas na semana anterior. No instante em que o candidato à reeleição se deslocava para uma coletiva de imprensa na nova sede da prefeitura, os suspeitos o atacaram.

O veículo em que ele estava foi alvo dos tiros, e um projétil o atingiu no braço e na clavícula, ambos do lado esquerdo.

A CNN tentou localizar a defesa dos denunciados, mas até o momento desta reportagem nenhum deles foi encontrado.

Denúncia

Os investigadores do caso afirmaram que o grupo político do então prefeito foi quem planejou o suposto atentado. Segundo a investigação, as cinco pessoas que respondem pelo crime receberam uma quantia de R$ 500 mil, valor que seria dividido entre eles, para concretizarem a tarefa. Os denunciados são:

  • Gilmar de Jesus Santos (executor – atirador)
  • Odair Júnior de Santana (executor – motorista e atirador)
  • Jefferson Ferreira de Souza (responsável pela fuga)
  • Clóvis Reis de Oliveira (intermediário – negociador entre os mandantes e os executores)
  • Anderson da Silva Moura (intermediário – organizador da operação e fornecedor das armas)

Na denúncia, é possível ver como os denunciados se dividiram para cumprir a tarefa. Odair providenciou um veículo do modelo Nissan March vermelho com “sinais identificadores adulterados”. Ele pagou cerca de R$ 15 mil no veículo. Anderson providenciou o fuzil, comprado por R$ 85 mil, e entregou a Odair com oitenta munições.

Já Jefferson ficaria responsável por auxiliar na fuga dos executores da tentativa de homicídio.

No dia do ataque, o automóvel usado por Aprígio e ocupado pelo motorista José Carlos Oliveira, pelo vídeomaker Jesiel e pelo secretário municipal Paulo Sérgio, era blindado.

Segundo a polícia, os suspeitos de planejar o atentado sabiam disso, mas acreditaram que a blindagem teria o poder de suportar os tiros de um fuzil AK-47. Porém, os atiradores viram que haviam cometido um erro, pois o ex-prefeito ficou gravemente ferido ao ser atingindo.

Aprígio não morreu pelo fato de ter recebido atendimento médico prontamente, além de não ter sido atingido em região vital.

Após os disparos, Gilmar e Odair fugiram do local em direção ao Rodoanel Mario Covas e ao chegarem na altura do km 21, sentido norte, próximo ao Município de Osasco (SP), desceram do veículo e o incendiaram.

Anderson foi preso na Operação Fato Oculto, deflagrada no dia 17 de fevereiro de 2025. Clóvis também foi alvo de mandado de prisão, mas está foragido.

Para o Ministério Público, os investigados devem responder por quatro qualificadoras para o crime de tentativa de homicídio.

As qualificadoras

As qualificadoras são caracterizadas como circunstâncias que podem aumentar a pena de quem é denunciado, pois agravam o crime. No caso do falso ataque à Aprígio, elas são provenientes das seguintes situações:

O MP entendeu que houve dolo eventual no crime, pois os criminosos assumiram o risco de matar todos que estavam presentes no veículo alvejado. O agravante neste caso é o emprego de armas de uso restrito, já que havia o conhecimento sobre a potência do fuzil, mesmo com a blindagem do veículo.

Além disso, a Promotoria alegou perigo comum, já que o crime foi cometido em uma via pública movimentada, com uma arma de grosso calibre e pelo fato de um veículo ter sido incendiado após a fuga.

Outra alegação é a de motivo torpe, que é decorrente de uma quantia paga para a execução do crime. Além disso, essa qualificadora configura um motivo vil, ou seja, moralmente reprovável.

Esse tipo de motivação demonstra frieza e desprezo pela vida humana, com os denunciados “agindo como verdadeiros mercenários e matadores de aluguel”, diz a denúncia.

Ainda segundo o órgão, não houve chance de defesa para as vítimas porque os denunciados surpreenderam elas ao dispararem diversas vezes com fuzil contra o automóvel. Como o ataque foi feito de forma rápida, configura-se uma impossibilidade de reação por parte de quem sofreu os disparos.

Este conteúdo foi originalmente publicado em MP denuncia atiradores e intermediários de ataque contra ex-prefeito no site CNN Brasil.

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