Governo avalia antecipar indicação para o comando do Banco Central, diz Jaques Wagner

O líder do governo no Senado, senador Jaques Wagner (PT-BA), afirmou nesta terça-feira (6) que o Executivo avalia antecipar a indicação para o comando do Banco Central.

O mandato do atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, acaba no fim de dezembro.

Segundo Jaques Wagner, a antecipação permitiria maior previsibilidade para a instituição.

“Hoje, todo mundo no Banco Central, mesmo quem está na direção, pelo que eu ouço, acha melhor indicar [o presidente], porque um Banco Central trabalha com expectativa de futuro”, afirmou em entrevista a jornalistas no Senado.

Para isso, entretanto, Jaques Wagner afirma que seria necessário haver acordo para a realização da sabatina no Senado.

“Pelo que estou sentindo, a maioria das pessoas entende que é bom indicar, mas tudo tem que ser combinado”, afirmou.

Os integrantes da diretoria e presidência do Banco Central precisam ser sabatinados pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e depois suas indicações são submetidas a votação no plenário.

Desde o início do mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem feito críticas públicas à gestão de Campos Neto, motivadas em especial pelo patamar da taxa básica de juros.

O atual presidente do BC foi indicado para o cargo ainda no governo de Jair Bolsonaro (PL).

Um dos principais cotados para assumir a posição hoje ocupada por Campos Neto é Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC e ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda.

Jaques Wagner declarou que não há prazo para o governo fazer a indicação. Como a CNN mostrou, o presidente Lula tem sido aconselhado a deixar para outubro a escolha.

Sobre a proposta que altera o regime jurídico do BC, Jaques Wagner afirmou que ainda deve conversar com o relator do texto, senador Plínio Valério (PSDB-AM).

A PEC garante autonomia financeira para o BC. O governo, entretanto, é contra tornar o banco em uma empresa pública. O texto aguarda votação na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ).

Reforma tributária e desoneração

O líder do governo também sinalizou que não é desejo do Palácio do Planalto retirar a urgência do projeto de lei da regulamentação da reforma tributária, como quer a maioria dos líderes partidários do Senado.

Segundo Jaques Wagner, o prazo não começou a contar porque até agora o texto aprovado pela Câmara não chegou oficialmente ao Senado.

Considerando que o texto irá sofrer mudanças e precisará voltar à Câmara, o prazo é visto como apertado.

A urgência trava a pauta do plenário do Senado dentro de 45 dias após a chegada da matéria e é vista pelo Planalto como necessária para impulsionar a tramitação.

“Não é que para nós é um fetiche a urgência. O fetiche é a gente fechar esse ano”, afirmou o líder do governo.

Outra matéria que está em compasso de ajuste é a da desoneração da folha de pagamento, que foi pautada pelo presidente do Senado para a sessão desta quarta-feira (7), mas ainda não há acordo fechado, nem relatório apresentado.

Jaques Wagner é o relator do projeto de lei e tenta um meio-termo entre o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e a equipe econômica.

O governo inicia o semestre ainda insistindo em mexer na Contribuição Social sobre Lucro Líquido, a CSLL, por entender que as medidas compensatórias apresentadas pelo Senado não são suficientes para recompor as receitas da União.

A alternativa da CSLL seria um gatilho disparado no caso de não haver recomposição suficiente.

“A Receita, obrigatoriamente a Fazenda, fica mais na defensiva porque não quer trabalhar com hipótese de frustração. Aí é um pepino lá na frente se não compensar”, disse o relator.

“Aqui [no Senado] como ninguém quer dizer que está aumentando imposto, então dizem que isso aqui vai dar [as medidas compensatórias apresentadas]. Estamos discutindo quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha. Essa que é a verdade”,
afirmou Wagner.

Há expectativa para que os impasses sejam resolvidos na volta das férias do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na próxima semana.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Governo avalia antecipar indicação para o comando do Banco Central, diz Jaques Wagner no site CNN Brasil.

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