Irmã e viúva de comerciante morto após traição posam com placas de homicídio


Igor Peretto, de 27 anos, foi encontrado morto em um apartamento em Praia Grande (SP). Rafaela Costa Marcelly Peretto, viúva e irmã dele, respectivamente, foram fotografadas segurando placas com o “Artigo 121” após se entregarem à Polícia Civil. Rafaela Costa (à esq.) e Marcelly Peretto (à dir.) são fotografadas segurando placa referente à homicídio
Reprodução/Redes Sociais
Rafaela Costa e Marcelly Peretto, esposa e irmã de Igor Peretto, o comerciante encontrado morto com sinais de facadas no apartamento da parente em Praia Grande (SP), foram fotografadas após se entregarem à Polícia Civil. Nas imagens, as mulheres aparecem segurando placas com a indicação do ‘Artigo 121’, referente ao crime de homicídio. A corporação também investiga Mario Vitorino, cunhado e amigo da vítima, que está foragido.
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A Polícia Civil ainda não informou quem matou Igor, encontrado morto no sábado (31). O que se sabe é que, dentro do apartamento onde ocorreu o crime, estiveram Igor, Rafaela Costa (esposa de Igor), Marcelly Peretto (irmã de Igor) e Mario Vitorino (marido de Marcelly).
De acordo com depoimentos, Rafaela tinha um caso com Mario. Além disso, o advogado de Marcelly, Leandro Weissmann, disse que a cliente e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.
As fotos que circulam nas redes sociais mostram Rafaela e Marcelly segurando placas com os nomes e dados pessoais. Além disso, os textos também apontam para os números de boletins de ocorrência. O g1 apurou que os registros policiais fazem referência à captura das duas.
Placa de homicídio
Nas placas seguradas pelas mulheres também é possível ver o termo “Artigo 121”. Segundo o advogado criminal João Carlos Pereira Filho, trata-se do trecho do Código Penal referente ao crime de homicídio.
O advogado criminal João Carlos Pereira Filho explicou que o homicídio pode ser classificado em quatro modalidades: (I) simples, (II) privilegiada, (III) qualificada e (IV) culposa [quando não há intenção de matar], sendo que os três primeiros são julgados pelo Tribunal do Júri, responsável por analisar crimes dolosos contra a vida.
Segundo o advogado, a diferenciação das subdivisões é feita a partir das provas colhidas na investigação. Diante disso, a pena será imposta em caso de condenação:
(I) crime de homicídio na modalidade simples: a sanção varia de 6 a 20 anos;
(II) na figura privilegiada: a mesma pena anterior, mas com a necessária redução de 1/6 a 1/3;
(III) se qualificado: 12 a 30 anos com aumentos a depender da situação específica a ser analisada.
O advogado complementou que, na modalidade culposa, não apreciada pelo Júri, o crime tem sanção de 1 a 3 anos, “podendo, a depender do caso concreto, ocorrer um aumento de 1/3, ou ainda resultar no perdão judicial”.
O g1 entrou em contato com os advogados que representam Rafaela e Marcelly sobre a possibilidade das defesas agirem contra a exposição das fotos registradas na delegacia.
Marcelo Cruz, que defende a viúva de Igor, afirmou que a decisão caberá a Rafaela. Leandro Weissmann, representante da irmã da vítima, não respondeu ao questionamento até a última atualização desta reportagem.
Suposta traição
De acordo com depoimento de Rafaela e Marcelly, a viúva de Igor tinha um caso com Mario. O advogado de Rafaela, Marcelo Cruz, informou que na noite do crime, ela saiu do imóvel antes da chegada do companheiro porque ficou com medo da reação dele, que havia descoberto a troca de mensagens entre ela e Mario.
“Ela infelizmente confessa que houve um adultério, muito embora estivesse relativamente separada dele [Igor]. Mas o ponto principal é que, lamentavelmente, a vítima pegou uma ligação que ela [Rafaela] tinha feito para o autor do crime [Mario] e, em face disso, desencadeou a confusão dentro da residência. Mas, ela não participou de nenhum ato dentro daquela residência”, explicou Marcelo Cruz.
Casais estavam dentro do apartamento onde Igor Peretto foi encontrado morto em Praia Grande (SP)
Yasmin Braga/g1 e Reprodução/Redes Sociais
O caso
O caso aconteceu na noite do dia 31 de agosto. A síndica do prédio contou aos policiais que tocou várias vezes a campainha do apartamento da irmã de Igor Peretto e bateu na porta, mas que não foi atendida. Por isso, ela resolveu olhar as câmeras de monitoramento do prédio e identificou que, por volta das 4h37, Marcelly Peretto chegou ao imóvel acompanhada da esposa de Igor, Rafaela Costa.
Por volta das 5h40, Mario e Igor chegaram ao local e solicitaram ao porteiro da noite autorização para entrada no condomínio, que teria sido negada. Os dois só acessaram o prédio após a liberação da irmã de Igor, a dona do apartamento.
Os policiais militares informaram à Polícia Civil que, com base nas informações, acreditaram que a Igor estava com a esposa dentro do apartamento. Com a ajuda de um chaveiro, solicitado pela síndica, a porta foi aberta e eles notaram sinais de sangue no corredor.
Os policiais encontraram o corpo de Igor caído em um quarto, próximo da janela. O imóvel estava revirado, indicando que houve luta corporal, além de marcas de sangue, conforme informaram os agentes. De acordo com o boletim de ocorrência, os policiais revistaram o apartamento em busca da esposa de Igor, mas ela não foi encontrada.
Prisões
Marcelly e a viúva Rafaela se apresentaram na delegacia e foram presas suspeitas de participação na morte do comerciante, na última sexta-feira (6).
Já o cunhado de Igor, Mario Vitorino, está foragido desde terça-feira (3), quando teve a prisão temporária decretada pela Justiça. O caso é investigado pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG).
Viúva e irmã de comerciante morto a facadas são presas no litoral de SP
Defesa de Rafaela
De acordo com o advogado da viúva, Marcelo Cruz, Rafaela saiu do apartamento onde ocorreu o crime antes da chegada de Igor, pois ficou com medo da reação do companheiro que havia descoberto uma troca de mensagens entre ela e Mario.
“Ela infelizmente confessa que houve um adultério, muito embora estivesse relativamente separada dele [Igor]. Mas o ponto principal é que, lamentavelmente, a vítima [Igor] pegou uma ligação que ela [Rafaela] tinha feito para o autor do crime [Mario] e, em face disso, desencadeou a confusão dentro da residência. Mas, ela não participou de nenhum ato dentro daquela residência”, explicou Marcelo Cruz.
Ainda segundo Cruz, Rafaela não soube que Igor tinha sido morto quando fugiu em direção a São Paulo, pois pensou que ele havia sido dopado pelo amante.
“Ela recebeu uma ligação do autor do crime [Mario] dizendo que teriam dopado efetivamente ele e não que teriam matado”, explicou o advogado. A mulher seguiu as instruções de Mario, que disse para ela seguir o GPS em direção a São Paulo antes que Igor acordasse.
Defesa de Marcelly
Marcelly prestou depoimento à polícia antes de se entregar. O advogado Felipe Pires de Campos, que representava Marcelly disse que ela contou aos policiais que Mario estava saindo com a esposa de Igor. Porém, ela não sabia da traição até o momento da briga.
Ela reforçou que foi pressionada pelo marido a deixar o imóvel após ele cometer o crime. Marcelly e Mario são casados, mas já não moravam mais no mesmo imóvel.
Ao g1, Leandro Weissmann, o advogado de Marcelly, disse que o homicídio foi cometido por Mario. Segudo ele, Marcelly estava em outro cômodo quando o irmão foi morto. Em seguida, ela saiu do imóvel e fugiu porque foi coagida pelo autor do crime.
O g1 não localizou a defesa de Mario Vitorino da Silva até a última atualização desta reportagem.
Viúva que beijou irmã do marido antes dele ser morto publicou vídeos com a mulher
Beijo antes do crime
Ao g1, o advogado de Marcelly, Leandro Weissmann, disse que ela e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario ao apartamento.
“De acordo com a Marcelly, elas estavam muito bêbadas e Rafaela já tinha investido algumas vezes para cima dela. Nesse dia, que ela estava muito bêbada, a Rafaela a agarrou […]. Deu um beijo e passou a mão no corpo dela”, explicou o advogado.
Segundo Weissmann, as duas eram melhores amigas e aquela foi a primeira vez que em que se beijaram. “A Marcelly sabia que a Rafaela se relacionava sim com outras mulheres, mas com ela foi a primeira vez”, afirmou.
O advogado de Rafaela, Marcelo Cruz, afirmou que a viúva “forneceu todas as informações necessárias à investigação. “Ela, pelo que se verificou, não omitiu nada que tenha ocorrido, até mesmo sobre esse ponto”.
Por meio do TikTok, Rafaela publicou dezenas de vídeos em que mostrava uma relação próxima com Marcelly (assista acima). Alguns vídeos foram publicados dias antes do crime. Nas imagens, é possível ver as mulheres dançando na praia e em festas. Um dos vídeos, inclusive, mostra as duas aproximando os rostos durante um evento.
As legendas das publicações também indicam um relacionamento próximo. Em outro conteúdo, Rafaela presenteia Marcelly com um bolo de aniversário. “Feliz vida, meu amor”, escreveu ela.
Carro localizado
Carro usado por investigado na morte de comerciante é encontrado no interior de SP
Segundo apurado pela TV Tribuna, afiliada da Globo, o carro utilizado por Mario foi localizado por policiais civis de Praia Grande perto de uma agência dos Correios em Pindamonhangaba. Após uma perícia, ele foi levado à Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Praia Grande, na noite de quinta-feira (5).
As imagens gravadas pelo repórter Matheus Croce, da TV Tribuna, mostram que o câmbio e o banco tinham marcas que, aparentemente, são de sangue. Uma garrafa com marcas parecidas também foi encontrada jogada no chão do veículo.

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