Felicidade brasileira? O que explica a posição do país em ranking mundial

Nesta semana, a Organização das Nações Unidas (ONU), divulgou o Relatório Mundial da Felicidade, que destacou a subida do Brasil em oito posições do ranking. Agora, o país ocupa o 36ª lugar, sendo o segundo da América do Sul, atrás apenas do Uruguai, que está na 29º colocação.

Pelo oito ano consecutivo, a Finlândia liderou o topo do estudo, que avalia aspectos como PIB, suporte social, expectativa de vida saudável, liberdade, generosidade e percepções de corrupção.

À CNN, Cristiano Nabuco, psicólogo e presidente da Associação Matera: Sustentabilidade e Bem-Estar Digital, responde o que poderia explicar a mudança significativa do Brasil na classificação mundial de 2025.

“A gente sabe que cada vez que você passa por uma situação muito difícil, como a pandemia, existe uma tendência da felicidade voltar a ser como era antes. E passado esse período pandêmico, acho que um dos elementos foi o fato das pessoas, mais do que nunca, passarem a valorizar as interações sociais, os contatos. Como foi catastrófico aqui no Brasil, penso que isso deu uma perspectiva de olhar as pequenas conquistas como coisas muito importantes”, comenta.

Cristiano também conta que existe um outro aspecto que diz respeito à felicidade, ou seja, a comparação social. “Talvez, no pós-pandemia, muitas pessoas tenham entendido que a condição que elas viveram, era menos pior do que a maioria das pessoas acabou passando. Então, penso que esses aspectos, junto ao otimismo do brasileiro, funcionam como uma câmera de eco do que aconteceu na pandemia, fazendo com que as pessoas possam chegar num outro patamar, compreendendo a realidade sobre um aspecto diferente que não vai só transitar dentro da linha política ou da linha econômica”, acrescenta.

A queda de felicidade no Brasil e a pandemia de Covid

A pior posição do Brasil no ranking se deu em 2022, quando ocupou a 49ª colocação – o que, para o especialista, também poderia se relacionar com o profundo isolamento causado pela pandemia de Covid. “Todas as pessoas que viveram neste isolamento começaram a ter uma condição de ansiedade muito grande, que está ligada à incapacidade de você prever o que irá acontecer no futuro. Na medida em que você tem o fim da pandemia, você tem a perspectiva de retomar a vida, isso faz, então, com que as pessoas novamente tendam a entender que o bem-estar”, detalha.

“Uma coisa importante é que o brasileiro tem um aspecto muito diferente de conexão. Você não vê essa conexão em lugar nenhum no mundo. Então, essa necessidade de conexão que o Brasil tem, de uma forma ou de outra, funciona como um antídoto para situações de dor e de sofrimento. Existem alguns estudos que mostram que esse isolamento social afeta o cérebro e essa dor que provoca atrafega nas mesmas linhas da dor física”, adiciona.

Os aspectos considerados no ranking da ONU

O profissional detalha também o motivo do ranking levar em conta itens como benevolência, incluindo doações, voluntariado e ajuda a estranhos. “A gente pode falar que a benevolência é considerada no ranking como um ato de generosidade porque ela provoca o bem-estar e promove coesão social. A gente tem o nosso cérebro como uma estrutura, como um elemento que é programado biologicamente para estar em conexão. Isso faz com que a gente tenha, portanto, na questão da benevolência, o exercício dessa ligação social, o exercício da cidadania”, diz.

“Existem algumas pesquisas que mostram o que eles chamam de um elemento quente e brilhante, como o warm glow effect, em que se baseiam na psicologia econômica. Você faz uma doação a alguém, você sente no seu cérebro o que seria equivalente a ganhar um presente. Então é como se isso te retroalimentasse, te deixasse fazer vivenciar níveis de felicidades que são mais altos. E, finalmente, quando você desenvolve atos de generosidade, de auxílio, isso promove uma diminuição do seu estresse pessoal, novamente fazendo com que o trânsito pelas questões de comunidade, de ligação, funcionem de uma maneira muito bacana”, conclui.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Felicidade brasileira? O que explica a posição do país em ranking mundial no site CNN Brasil.

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