Presidente da Nvidia defende domínio da IA apesar de concorrência

Quando o presidente-executivo da Nvidia, Jensen Huang, subir ao palco esta semana para a conferência anual de desenvolvedores de software da empresa, ele defenderá o domínio da companhia sobre o mercado de inteligência artificial, embora a empresa venha sofrendo pressão de rivais e de clientes que querem reduzir os custos da tecnologia.

A conferência da Nvidia acontece depois que a DeepSeek surpreendeu investidores nos Estados Unidos com um chatbot competitivo que, segundo ela, exigiu menos poder de computação do que os rivais para ser criado.

As ações da Nvidia caíram porque a venda de poder de computação na forma de chips que custam dezenas de milhares de dólares cada um é o que ajudou a receita da Nvidia a mais do que quadruplicar nos últimos três anos, chegando a US$ 130,5 bilhões.

Na conferência, a Nvidia deve revelar detalhes de um sistema de chips chamado Vera Rubin, nomeado em homenagem à astrônoma norte-americana pioneira no conceito de matéria escura, com a expectativa de que o sistema entre em produção em massa ainda este ano.

Esses detalhes serão revelados mesmo quando o antecessor de Rubin, um chip que leva o nome do matemático David Blackwell, anunciado no ano passado, estiver chegando ao mercado após atrasos na produção que prejudicaram as margens de lucro da Nvidia.

Os chips da Nvidia enfrentam pressão de mudanças tecnológicas, conforme os mercados de IA mudam o foco de “treinamento”, que é o processo de entregar a modelos de IA, como chatbots, grandes quantidades de dados para torná-los “inteligentes”, para “inferência”, que é quando o modelo usa essa “inteligência” para produzir respostas para os usuários.

A Nvidia, com uma participação de mercado superior a 90%, domina o mercado de treinamento, mas enfrenta a concorrência na inferência – e a participação de mercado desses concorrentes dependerá de como a computação de inferência é realizada.

Martelos maiores

A computação de inferência é apresentada de várias formas, desde um smartphone que reescreve emails até um data center que produz análises complexas de documentos financeiros. Várias empresas iniciantes no Vale do Silício e em outros lugares, bem como as rivais tradicionais da Nvidia, como a AMD, estão apostando que podem vender chips que farão o trabalho a um custo geral mais baixo – especialmente os custos de eletricidade, em que os chips da Nvidia consomem tanta energia que as empresas de IA estão recorrendo ao uso de reatores nucleares.

“Eles têm um martelo e estão apenas fazendo martelos maiores”, disse Bob Beachler, vice-presidente da Untether AI, uma das pelo menos 60 startups que estão tentando desbancar a Nvidia nos mercados de inferência. “Eles são os donos do mercado (de treinamento). Assim, cada novo chip que eles lançam tem muita bagagem de treinamento.”

Mas a Nvidia argumenta que um novo tipo de IA chamado “raciocínio” joga a seu favor. Os chatbots de raciocínio “pensam” em voz alta, gerando algumas linhas de texto e, em seguida, lendo esse texto de volta para si mesmos para “pensarem” mais sobre o problema – tudo isso usa mais do poder de computação em que os chips da Nvidia são excelentes.

“O mercado de inferência será muitas vezes maior do que o mercado de treinamento”, disse Jay Goldberg, presidente–executivo da D2D Advisory, uma empresa de consultoria financeira e estratégica. “À medida que a inferência se tornar mais importante, sua participação percentual será menor, mas o tamanho total do mercado e o conjunto de receitas poderão ser muito, muito maiores.”

Além dos chatbots

O mercado espera que a Nvidia também dê dicas sobre seus planos em outros mercados de computação, como o uso de novas técnicas de IA que melhoram os chatbots para tornar os robôs mais úteis.

Uma grande área de foco será a computação quântica. Em janeiro, os comentários de Huang de que a tecnologia estava a décadas de distância ajudaram a derrubar as ações das empresas que apostavam nela e estimularam a Microsoft e o Google a afirmarem que a tecnologia está muito mais próxima de ser útil. Isso, por sua vez, levou a Nvidia a anunciar que dedicará um dia inteiro de sua conferência à situação do setor quântico e a seus próprios planos.

Huang fará o discurso principal do evento na próxima terça-feira (18).

Também estão em pauta os esforços da Nvidia para ter um chip de tipo CPU, um produto revelado pela Nvidia em janeiro.

“Isso pode acabar com o que resta do mercado da Intel”, disse Maribel Lopez, analista independente do setor de tecnologia.

Com chips enfrentando revés, software é a próxima grande aposta em IA

Este conteúdo foi originalmente publicado em Presidente da Nvidia defende domínio da IA apesar de concorrência no site CNN Brasil.

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