Resposta de Putin sobre cessar-fogo “não é boa o suficiente”, diz Starmer

A resposta do presidente da Rússia, Vladimir Putin, ao cessar-fogo na Ucrânia proposto pelos Estados Unidos “não é boa o suficiente”, disse o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, após sediar uma cúpula virtual com o objetivo de angariar apoio para Kiev e aumentar a pressão sobre Moscou.

Ao fim do encontro, que reuniu líderes da “coalizão dos dispostos” – um grupo de nações ocidentais que se comprometeram a ajudar a defender a Ucrânia contra a Rússia – Starmer disse que os presentes concordaram que “o ‘sim, mas’ da Rússia não é bom o suficiente” e que o país terá de vir à mesa de negociações mais cedo ou mais tarde.

“Concordamos que pressão coletiva será colocada sobre a Rússia por todos nós que estávamos na reunião esta manhã”, acrescentou.

A reunião deste sábado (15) envolveu cerca de 25 países, incluindo nações europeias, a Comissão da União Europeia, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia, bem como o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Depois de Kiev ter aceitado nesta semana os termos de um cessar-fogo de 30 dias na Ucrânia – apoiado pelo presidente dos EUA, Donald Trump – a resposta de Moscou foi ambígua, com Putin dizendo que “concordamos com a proposta”, mas também que o acordo “não estava completo”.

A reunião também acontece em um momento crítico na guerra de três anos, com a Rússia avançando na região da fronteira de Kursk, onde está tentando reverter os ganhos da Ucrânia.

Embora tenha oferecido poucos detalhes novos, Starmer anunciou que militares dos países aliados da Ucrânia se reunirão no Reino Unido na quinta-feira (20) para “colocar planos fortes e robustos em prática” a fim de manter a paz no caso de um cessar-fogo ser atingido na Ucrânia.

Durante as negociações deste sábado, o premiê britânico disse que os aliados da Ucrânia concordaram em “manter a ajuda militar fluindo para a Ucrânia e continuar apertando as restrições à economia da Rússia para enfraquecer a máquina de guerra de Putin e trazê-lo para a mesa.”

Starmer disse que Putin estava atrasando a proposta de cessar-fogo apoiada pelos EUA com a qual a Ucrânia concordou esta semana, e que a Ucrânia “é o partido da paz”.

O presidente dos EUA, Donald Trump, “ofereceu a Putin o caminho para uma paz duradoura – agora precisamos tornar isso uma realidade”, complementou Starmer.

Respondendo a uma pergunta sobre o apoio dos EUA, Starmer enfatizou que a “posição sobre os EUA não mudou” e que alcançar a paz na Ucrânia “precisa ser feito em conjunto com os Estados Unidos”.

Isso acontece depois de Starmer dizer que “se Putin leva a sério a paz, é muito simples: ele tem que parar seus ataques bárbaros na Ucrânia e concordar com um cessar-fogo”.

“O mundo está assistindo”, acrescentou o primeiro-ministro. “Minha sensação é que mais cedo ou mais tarde ele terá que vir à mesa e se envolver em uma discussão séria”.

A “coalizão dos dispostos”, um grupo que prometeu ajudar a defender a Ucrânia da agressão russa em face do apoio decrescente e incerto de Washington, se reuniu pela última vez em Londres há duas semanas antes de se reunir novamente neste sábado.

Embora a Europa tenha demonstrado considerável unidade em meio aos golpes que o governo Trump desferiu à aliança transatlântica, divisões significativas permanecem sobre se os países europeus individuais estão dispostos a enviar tropas para a Ucrânia para manter a paz.

Trump disse na sexta-feira (14) que recebeu “notícias muito boas” sobre um possível cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia, sem dar mais detalhes, e que seu governo teve “telefonemas muito bons” com ambos os países no início do dia.

Em uma publicação separada no Truth Social, Trump disse que “há uma chance muito boa de que essa guerra horrível e sangrenta possa finalmente chegar ao fim”.

Putin se encontrou com o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, na quinta-feira (13) em Moscou – uma visita que o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que deu “motivos para ser cautelosamente otimista”.

Com Kiev perdendo seu controle sobre a região russa ocidental de Kursk, sua única moeda de troca territorial, muitos acreditam que Putin pode estar atrasando as negociações sobre a proposta de cessar-fogo até que a região esteja firmemente de volta ao controle russo.

As forças russas retomaram mais dois assentamentos em Kursk – Zaoleshenka e Rubanshchina –, afirmou seu Ministério da Defesa neste sábado. Isso acontece dias depois de a Rússia recapturar a cidade-chave de Sudzha, a maior cidade que a Ucrânia havia ocupado na região.

Segundo Zelensky, suas tropas estavam segurando as forças russas e norte-coreanas em Kursk e negou as alegações russas de que o Exército ucraniano estava cercado.

Enquanto isso, os ataques aéreos continuaram, com centenas de drones cruzando a fronteira.

A Rússia disparou 178 drones e dois mísseis balísticos contra a Ucrânia durante a noite, matando pelo menos duas pessoas e ferindo 44, de acordo com autoridades ucranianas. Os dois foram mortos na região de Kherson, disse o chefe de sua administração militar, depois que a Rússia alvejou infraestrutura crítica e edifícios residenciais, danificando sete arranha-céus e 27 casas.

O Ministério da Defesa da Rússia disse que suas defesas aéreas derrubaram 126 drones ucranianos durante a noite, sem dizer quantos drones contornaram suas defesas.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Resposta de Putin sobre cessar-fogo “não é boa o suficiente”, diz Starmer no site CNN Brasil.

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