Caso Marielle completa 7 anos nesta sexta-feira; relembre

Os assassinatos da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes completam sete anos nesta sexta-feira (14). Neste ano, pela primeira vez, a data é lembrada sabendo quem foram os mandantes das mortes, que estão presos, e com os assassinos condenados.

Em 2019, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram presos por efetuarem os disparos que mataram Marielle e Anderson. Eles confessaram o crime e foram condenados a 78 anos e 9 meses de prisão, e 59 anos e 8 meses, respectivamente. Relembre o caso:

O dia do crime

De acordo com o inquérito polícial, a ação que resultou no assassinato da vereadora e do motorista foi iniciada no dia 14 de março de 2018, ao meio-dia, quando Ronnie Lessa convidou Élcio para sua casa, no condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro.

No local, Élcio observou a movimentação de Ronnie com uma bolsa preta. Os dois entraram em um carro modelo Chevrolet Cobalt prata e seguiram caminho para o bairro da Lapa, onde Marielle participava de um evento com o nome “Mulheres negras movendo estruturas”.

Ronnie e Élcio aguardaram a saída da vereadora, que estava acompanhada do motorista Anderson Gomes. Ambos os carros se deslocaram saindo da região.

Os criminosos seguiram o carro da vereadora até determinado ponto do bairro, emparelhando os veículos, quando Ronnie Lessa atirou 13 vezes contra o carro de Marielle.

Por volta das 21h, Marielle foi alvejada com quatro tiros na cabeça e Anderson, por três. Os dois morreram no local. Uma terceira pessoa, Fernanda Chaves, assessora de Marielle, não foi atingida, mas se feriu com os estilhaços.

Após cometerem o crime, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz fugiram pelo acesso à Avenida Brasil, rumo ao Méier, usando a Linha Amarela como rota de conexão.

No bairro da zona norte, encontraram-se com o irmão de Ronnie, Denis, e entregaram equipamentos e a arma do crime.

Logo depois, o irmão do assassino chamou um táxi para os criminosos, que se deslocaram para a casa de Lessa, onde religaram seus celulares e foram para um bar na Barra da Tijuca.

Prisão dos assassinos

O sargento reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Queiroz foram presos, em março de 2019, suspeitos da execução do crime. Segundo o inquérito policial, Lessa fez os disparos e Queiroz conduziu o carro onde estavam os assassinos.

No dia das prisões, a polícia encontrou 117 fuzis que Lessa escondia na casa de um amigo. Além do armamento, mais 500 munições, três silenciadores e R$ 112 mil em dinheiro foram apreendidos.

Em outubro de 2024, o Conselho de Sentença do 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condenou Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pela morte de Marielle e Anderson.

Lessa foi condenado a 78 anos e 9 meses de prisão, e Élcio, a 59 anos e 8 meses. Além das penas de reclusão, ambos deverão pagar uma pensão ao filho de Anderson Gomes até que ele complete 24 anos. Os condenados também foram sentenciados ao pagamento conjunto de uma indenização por dano moral às famílias das vítimas, que totaliza cerca de R$ 3,5 milhões.

Os mandantes

Em março do ano passado, a Polícia Federal prendeu três suspeitos de serem os mandantes dos assassinatos.

Os presos foram Domingos Brazão, então conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Chiquinho Brazão, então deputado federal do Rio de Janeiro, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio.

No dia das prisões, o ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Ricardo Lewandowski, afirmou que o motivo da execução está relacionado à atuação da milícia na disputa por terras no Rio de Janeiro.

Em outubro, cinco acusados de planejar a morte de Marielle foram ouvidos pelo STF. Entre eles, os presos na operação de março.

Domingos Brazão afirmou que não tem envolvimento com os homicídios. Ele falou que não conhecia a vereadora e que nunca viu o ex-policial Ronnie Lessa.

O deputado federal Chiquinho Brazão negou envolvimento com Ronnie Lessa. O político foi apontado por Lessa em delação premiada como um dos mandantes do assassinato de Marielle.

À Polícia Federal, Ronnie Lessa disse que Chiquinho e o irmão, Domingos Brazão, teriam oferecido a ele US$ 10 milhões em troca da morte da vereadora.

Rivaldo Barbosa também negou as acusações contra ele. “Eu não mato uma formiga. Vou matar uma pessoa?”, declarou em depoimento.

Últimas ações

As últimas atualizações do caso ocorreram há poucos dias, no dia 10 de março, quando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu que a Polícia Federal encaminhe para o tribunal conversas de WhatsApp que o delegado Rivaldo Barbosa.

Na decisão assinada por Moraes, o ministro também acolheu o pedido para incluir no processo conversas de Rivaldo Barbosa com o general Richard Nunes, que foi secretário de Segurança durante a intervenção no RJ, em 2018, e formalizou a indicação dele para o comando da Polícia Civil do estado; e também diálogos com os delegados Giniton Lages, Daniel Rosa e Brenno Carnevale. A defesa quer demonstrar que Barbosa cobrava resultados sobre as investigações e que não houve interferência de autoridades ou políticos locais na nomeação dele a chefe de polícia.

Moraes também determinou anexar o inquérito da morte do ex-policial André Henrique da Silva Souza, o André Zóio, morto por envolvimento com milícias. Ronnie Lessa, o assassino confesso de Marielle, também é acusado por esse crime.

Próximos passos

Após a condenação dos executores de Marielle e Anderson Gomes, os réus acusados de serem os mandantes ainda passarão por julgamento no STF. O processo já está em fase final de tramitação. Os acusados são:

  • deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ);
  • conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Brazão;
  • delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa;
  • major Ronald Paulo Pereira;
  • policial militar Robson Calixto Fonseca.

A Procuradoria-Geral da República (PGR), responsável pela acusação, pediu que a Polícia Federal envie todos os relatórios e laudos periciais realizados no material apreendido no dia da prisão dos alvos.Ainda não há previsão de quando será o julgamento.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Caso Marielle completa 7 anos nesta sexta-feira; relembre no site CNN Brasil.

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