Eventual retaliação aos EUA precisaria ser “calculada”, avaliam fontes

Desde o início do governo de Donald Trump, as autoridades brasileiras vêm adotando uma postura de cautela em relação às tarifas anunciadas pelos Estados Unidos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já sinalizou que o Brasil não deve adotar medidas de retaliação neste momento, por orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nos bastidores, a avaliação é de que o Brasil não adotará medidas de retaliação por dois motivos, segundo apurou a CNN. A primeira razão é que o processo de negociação ainda está em andamento e que há margem para negociar. Além disso, o governo considera que uma eventual retaliação tem que ser estrategicamente calculada para evitar que a medida traga prejuízos para o Brasil. 

 

O governo já estuda medidas para proteger a exportação e importação de aço brasileira. Haddad se reuniu na última quarta-feira (12) com representantes do setor. No encontro, foram apresentadas propostas para solucionar o impasse em torno das tarifas impostas ao metal pelos EUA. 

A avaliação do Ministério da Fazenda é de que as tarifas sobre a importação norte-americana do aço brasileiro não são benéficas sequer para os Estados Unidos e que o Brasil tem argumentos fortes para negociar com os EUA. Um interlocutor do governo federal disse à CNN, em reserva, que há fortes indícios de que o setor privado americano não tem interesse nas taxas. 

Na última quarta-feira (12), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgou uma nota lamentando a decisão tomada pelo governo norte-americano de elevar para 25% as tarifas sobre importações de aço e de alumínio e de cancelar todos os arranjos vigentes relativos a quotas de importação desses produtos. 

Na nota, o governo afirma que vai buscar, em coordenação com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos Estados Unidos. 

“Em reuniões já previstas para as próximas semanas, avaliará todas as possibilidades de ação no campo do comércio exterior, com vistas a contrarrestar os efeitos nocivos das medidas norte-americanas, bem como defender os legítimos interesses nacionais, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio”, diz o texto.

No ano passado, as exportações brasileiras de aço e alumínio para os EUA somaram US$ 3,2 bilhões. 

Segundo dados do governo estadunidense, os EUA mantêm um superávit comercial em relação ao Brasil. Em 2024, foi da ordem de US$ 7 bilhões, somente em bens.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Eventual retaliação aos EUA precisaria ser “calculada”, avaliam fontes no site CNN Brasil.

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