Milton Cunha faz discurso contra a LGBTfobia: ‘Todo mundo odeia a gente. Parem de nos matar’; OUÇA

Milton Cunha faz discurso em defesa da população LGBTIAPN+
Milton Cunha, apresentador do carnaval Globeleza, fez um discurso em defesa da população LGBTIAPN+ durante o desfile do Paraíso do Tuiuti. A Azul e Amarela fala de Xica Manicongo, a 1ª mulher trans documentada do Brasil (ouça acima).
“A gente não pode ir na sala porque os vizinhos, os juízes, os diretores de colégio, os padres, todo mundo odeia a gente.”
Leia a íntegra:
Eu, do meu lugar de fala, tiro o chapéu para escolas de samba como a Tuiuti, tiro o chapéu para o presidente [Renato] Thor, por ter coragem de nos trazer, nós, LGBTIAPN+, excluídos, apontados, assassinados, para esse lugar de visibilidade que é a Marquês de Sapucaí.
Obrigado, TV Globo, por me contratar — eu, uma maricona velha, assumida, pintosa e estou aqui falando viva. Todos os seres humanos, parem de nos matar. O Brasil é o país que mais nos mata no mundo.
É dramático, é veemente. Cada dedo que nos apontam, cada olhar. Nós somos crianças espancadas, nós somos crianças jogadas para escanteio. A gente não pode ir na sala porque os vizinhos, os juízes, os diretores de colégio, os padres, todo mundo odeia a gente.
Que venha a Tuiuti, que venha Xica Manicongo nos representar e dizer: ‘Nos somos seres humanos, nós merecemos todo o respeito do mundo. Viva a tolerância, viva a democracia, viva a fraternidade, viva o humanismo’!”
O enredo
Quem tem medo de Xica Manicongo
Essa é a história de Xica Manicongo, a primeira mulher trans documentada no Brasil. Uma mulher corajosa que viveu há muito tempo e nunca aceitou que outras pessoas dissessem quem ela deveria ser.
Xica nasceu na África, em um tempo em que aqueles que carregavam tanto a força dos homens quanto das mulheres eram considerados especiais e sagrados. Mas, quando foi capturada e trazida para o Brasil como escravizada, tentaram apagar sua história, deram-lhe outro nome e disseram que ela deveria ser alguém que não era. Mas Xica disse NÃO.
Ela seguiu sendo quem sempre foi, vestindo suas roupas, vivendo como queria e desafiando quem tentava controlá-la. Enfrentou muitos perigos por isso, porque as pessoas não aceitavam quem era diferente. Foi perseguida, julgada e proibida de ser livre, mas nunca abaixou a cabeça.
Xica Manicongo, em sua incansável busca por liberdade, encontrou refúgio entre os Tupinambás, povo originário que já resistia bravamente à invasão colonial. Entre eles, aprendeu os segredos da floresta, os rituais da Jurema Sagrada e as forças da natureza que guiavam suas práticas espirituais. Ali, Xica foi acolhida não como um erro, mas como um ser completo, reconhecida por sua dualidade como parte do equilíbrio do mundo.
Mesmo quando tentaram silenciá-la, Xica encontrou um jeito de continuar sua luta. Ela virou lenda, virou inspiração. Hoje, está presente na força de cada pessoa que resiste, que luta pelo direito de existir como é.
No desfile, Xica será celebrada como rainha da coragem, mostrando que ninguém pode apagar aqueles que brilham. Ela abriu caminhos, e agora, as travestis, as pessoas trans e todas as que sonham com um mundo mais justo seguem sua estrela.
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