Rússia elogia “bom senso” de Trump e acusa Europa de prolongar guerra

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, elogiou neste domingo (2) o objetivo de “bom senso” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de acabar com a guerra na Ucrânia, mas acusou as potências europeias que se reuniram em torno de Kiev de tentarem prolongar o conflito.

Lavrov disse que os Estados Unidos ainda querem ser o país mais poderoso do mundo e que Washington e Moscou nunca concordariam em tudo, mas que concordaram em ser pragmáticos quando os interesses coincidissem.

“Donald Trump é um pragmático”, disse Lavrov ao jornal militar russo Krasnaya Zvezda, de acordo com uma transcrição divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores. “Seu slogan é bom senso. Significa, como todos podem ver, uma mudança para uma maneira diferente de fazer as coisas.”

“Mas o objetivo ainda é MAGA (Make America Great Again)”, disse Lavrov, referindo-se ao slogan político de Trump. “Isso dá um caráter humano e vivo à política. É por isso que é interessante trabalhar com ele.”

A Rússia invadiu a Ucrânia em 2022 com milhares de soldados, desencadeando o maior confronto entre a Rússia e o Ocidente desde o auge da Guerra Fria.

O conflito no leste da Ucrânia começou em 2014, depois de um presidente pró-Rússia ter sido deposto na Revolução Maidan da Ucrânia e a Rússia ter anexado a Crimeia, com forças separatistas apoiadas pelos russos lutando contra as forças armadas ucranianas.

O Ocidente e a Ucrânia descrevem a invasão de 2022 como uma apropriação de terras de estilo imperial pelo presidente Vladimir Putin, e Kiev prometeu derrotar a Rússia no campo de batalha, embora as forças russas controlem quase um quinto da Ucrânia.

Putin classifica o conflito na Ucrânia como parte de uma batalha existencial com um Ocidente em declínio e decadente que, segundo ele, humilhou a Rússia depois da queda do Muro de Berlim em 1989.

Trump derrubou a política dos EUA sobre a guerra na Ucrânia. Na sexta-feira (28), ele e o vice-presidente JD Vance entraram em confronto com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky no Salão Oval. Trump acusou Zelenskiy de desrespeitar os Estados Unidos, disse que estava perdendo a guerra e não tinha mais cartas na mão.

Os líderes europeus partiram em defesa de Zelensky.

Mas Lavrov criticou a Europa, dizendo que durante os últimos 500 anos a Europa tem sido o polo de “todas as tragédias do mundo”, incluindo a colonização, as guerras, as cruzadas, a Guerra da Crimeia, Napoleão Bonaparte, a Primeira Guerra Mundial e Adolf Hitler.

“E agora, depois do mandato do (ex-presidente dos EUA Joe) Biden, chegaram pessoas que querem ser guiadas pelo bom senso. Dizem diretamente que querem acabar com todas as guerras, querem a paz”, disse Lavrov.

“E quem exige uma ‘continuação do banquete’ na forma de uma guerra? A Europa.”

Lavrov também rejeitou as ideias europeias de enviar um contingente de forças de manutenção da paz e disse que a Rússia não confiava na Ucrânia após o colapso dos acordos de Minsk, que foram concebidos para pôr fim a uma guerra separatista de língua russa no leste da Ucrânia.

Os europeus, disse Lavrov, não conseguiram explicar quais os direitos que os falantes de russo teriam no âmbito dos planos europeus de manutenção da paz, acrescentando que a Rússia não gostou da ideia de os europeus apoiarem Zelensky.

“Agora eles também querem apoiá-lo com na forma de unidades de manutenção da paz. Isto significará que as causas profundas não desaparecerão”, disse Lavrov.

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