Professor avalia futuro da relação EUA e Ucrânia: Pode ser viagem sem volta

A discussão pública entre os presidentes Donald Trump e Volodymyr Zelensky durante uma reunião bilateral para debater a guerra na Ucrânia sinalizou uma possível ruptura nas relações entre Estados Unidos e Ucrânia. À CNN, o professor Marcos Sorrilha, especialista em história dos Estados Unidos, avalia que o incidente pode marcar uma “viagem sem volta” para a relação entre os dois países.

Segundo Sorrilha, a retomada de uma relação estável entre Ucrânia e Estados Unidos parece improvável com os atuais atores políticos em cena. “Me parece que com os atores que estão aí, com os Zelensky, o Trump, não seria possível um retorno pelo menos dentro daquilo que os Zelensky e a Europa consideram como justos”, afirmou o especialista.

Impacto nas negociações de paz

O professor sugere que o desentendimento público pode ter sido orquestrado pela equipe de Trump, visando justificar a impossibilidade de fazer acordos com Zelensky. Essa estratégia poderia abrir caminho para negociações diretas com Vladimir Putin, alinhando-se à visão geopolítica de Trump, que considera a China como o único inimigo real dos Estados Unidos.

Sorrilha destaca que o incidente pode representar o fim do sistema internacional estabelecido após a Segunda Guerra Mundial, conhecido como Pax Americana. “A visão do Trump e da equipe dele é de que o único inimigo que eles possuem é a China, e eles desejam deixar, então, a Rússia por conta da Europa”, explicou.

Consequências para a geopolítica global

O especialista prevê mudanças significativas na geopolítica global como resultado desse episódio. Ele aponta para um provável aumento nos gastos militares por parte da Europa e um afastamento da ordem em que os Estados Unidos eram protagonistas das relações internacionais e da defesa das democracias ocidentais.

“A curto prazo, a gente depende de como será essa reunião amanhã, mas a longo prazo que a gente pode, pelo menos, vislumbrar é um aumento nos gastos militares por parte da Europa e um afastamento dessa ordem em que os Estados Unidos era protagonista das relações internacionais e da defesa das democracias do Ocidente”, concluiu Sorrilha.

O professor também ressalta que, ao sinalizar que não será mais o fiador da ordem internacional, Trump pode ter perdido poder nas negociações futuras, uma vez que a Europa agora sabe que não pode mais contar com os Estados Unidos como antes.

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