Milhares de pessoas protestam na Grécia por acidente ferroviário

Centenas de milhares de pessoas se reuniram em cidades e vilas por toda a Grécia nesta sexta-feira para exigir justiça na data que marca dois anos do acidente de trem mais letal do país, e trabalhadores em greve aterraram voos e interromperam o transporte marítimo e ferroviário.

Cinquenta e sete pessoas morreram quando um trem de passageiros cheio de estudantes colidiu com um trem de carga em 28 de fevereiro de 2023, perto do desfiladeiro de Tempi, no centro da Grécia.

Dois anos depois, as lacunas de segurança que causaram o acidente não foram preenchidas descobriu um inquérito na quinta-feira (27).

Uma investigação judicial separada continua inacabada e ninguém foi condenado pelo acidente.

Manifestações em massa foram planejadas em dezenas de cidades pelo país. Todos os voos internacionais e domésticos foram cancelados enquanto controladores de tráfego aéreo se juntaram a marinheiros, maquinistas, médicos, advogados e professores em uma greve geral de 24 horas para prestar homenagem às vítimas do acidente.

Os negócios foram fechados e os teatros cancelaram apresentações.

No início da manhã, dezenas de milhares se reuniram na Praça Syntagma, no centro de Atenas, acompanhados pela polícia em equipamento antimotim. Uma placa dizia: “Governo de assassinos”.

O governo de centro-direita do primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, reeleito após o acidente em 2023, enfrentou repetidas críticas de parentes das vítimas por não iniciar um inquérito parlamentar sobre responsabilidade política.

A administração nega irregularidades e afirma que cabe ao judiciário investigar o acidente.

Os protestos desta sexta-feira refletiram a crescente raiva sobre o desastre na Grécia, onde a desconfiança no governo é comum após uma crise de dívida de 2009-2018, na qual milhões perderam salários e pensões, e os serviços públicos sofreram com o subfinanciamento.

“O governo não fez nada para obter justiça”, exclamou Christos Main, 57, um músico no comício de Atenas. “Isso não foi um acidente, foi um assassinato”.

Outra manifestante, que se identificou como Evi, declarou que estava lá para lamentar os mortos, “mas também porque o governo tentou encobrir as coisas”.

Os nomes dos mortos foram pintados com spray vermelho no chão em frente ao prédio do parlamento.

Nos subúrbios de Atenas, grupos de todas as idades foram para o centro da cidade com cartazes dizendo “Não tenho oxigênio”, um slogan dos protestos ecoando as últimas palavras de uma mulher em um chamado aos serviços de emergência.

Muitos alunos foram para a aula vestidos de preto, um símbolo de luto. Outros seguravam balões pretos.

Protesto contra o governo termina em confronto na Grécia | CNN PRIME TIME

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