Blocos de SP colocam foliões para pedalar e retirar lixo de represa e levam conscientização ambiental para o pré-carnaval


Na Vila Mariana, Bloco do Pedal utiliza eletricidade geradas por foliões em bicicletas estacionárias; no extremo Sul, Eco Campos Pholia canta sambas temáticos sobre meio ambiente. Fantasias descartadas por escola de samba e reaproveitadas pelo Bloco Eco Campos Pholia
Imagem Reprodução
Carnaval e conscientização ambiental dão “match” pelas ruas de São Paulo. O Bloco do Pedal desfila, neste sábado (22) e convida os foliões para festejar ao mesmo tempo que geram eletricidade para a folia acontecer. No domingo (23), o extremo Sul, recebe o bloco Eco Campos Pholia, que levará às ruas sustentabilidade em sambas, fantasias e instrumentos.
Para Marcos Campos, fundador do Bloco Eco Campos Pholia e morador na região de Guarapiranga, samba e reciclagem fazem parte da história dele. “Quando era moleque, a gente ia à beira da represa [de Guarapiranga], tirava alguns resíduos de lá e isso acabou se tornando hábito”, contou.
A 500 metros da estação Ana Rosa do metrô e da ciclovia da Rua Vergueiro, a Praça Rosa Alves da Silva volta a receber a energia vibrante do Bloco do Pedal.
“O bloco é uma festa inclusiva, perfeita para famílias com idosos, crianças, pessoas com necessidades especiais. Todos recebem atenção especial”, disse Filó Silva, co-fundadora do Pedal.
‘Eco bloco na rua, consciência geral’
Quando Marcos se deu conta de que a comunidade não tinha o mesmo interesse que ele de colocar a mão na massa para fortalecer a reciclagem, ele sentiu a necessidade de trazer para a realidade dos vizinhos o tema do meio ambiente.
O hábito de criança de limpar a represa deu espaço para um desejo muito maior: conscientizar a comunidade por meio do carnaval.
“Com o bloco, com a cultura, com a música, eu criei o Eco Campus Pholia em 2011. Que é com essa manifestação ambiental, sociocultural que estamos indo para 14 anos de luta para preservar a natureza”, disse.
Trabalhar com um tema tão específico e “sem glamour”, diz ele, é um desafio. O ambientalista-folião revela que o número de participantes do bloco não é grande, mas “a gente continua fazendo essa luta para poder trazer consciência em mais pessoas”.
“Pensei que, colocando um carro de som, a gente sai cantando as marchinhas, as músicas voltadas ao meio ambiente, a gente consegue chegar ao público.”
E vem dando resultado. Conversando pelas ruas do bairro ou na internet, Marcos notou que as pessoas estão aderindo não só ao bloco, mas também à proposta de ter uma atitude ecologicamente correta.
“As pessoas me dizem: ‘Pô, você conseguiu mudar muitas pessoas aqui na rua por que você trouxe o bloco para cá e tem levado essa cultura socioambiental para as pessoas'”. Durante o desfile no bloco, as crianças, então, começam a pegar o lixo na rua e perguntam: ‘Tio, onde eu coloco esse lixo?'” Assim, durante a folia, Marcos ensina a maneira correta de descartar o lixo.
Aliás, os pequenos foliões compõem a maior parte do público. Para Marcos, são peça importante para uma verdadeira transformação de comportamento. E reforça: “Tem que educar as crianças e [assim] trazer os adultos junto, porque muitos adultos são resistentes a essa mudança”.
Inclusive, os ensinamentos do bloco não se limitam ao carnaval, ele se estende em ações no Projeto Limpeza na Represa, que a cada 15 dias, aos finais de semana, realiza um grande movimento envolvendo toda a comunidade.
Os resíduos recolhidos são levados para uma base da Sabesp. Em seguida, eles os destinam para uma cooperativa ou os dispensam em um aterro sanitário. Ou então são reaproveitados, como uma lata de achocolatado, que pode virar um chocalho.

Tudo no Eco Campos Folia é reaproveitável. As fantasias surgem a partir de panos encontrados no lixo ou até mesmo de fantasias descartadas por escolas de samba.
Sem recursos, mas com muita criatividade, tecidos de um velho sombreado deram vida para o estandarte do bloco; um balde virou um instrumento musical para compor a roda de samba e um tapete se tornou um acessório de fantasia. Até folhas caídas das árvores ganham uma nova função.
“A gente está fazendo confete com folha de árvore, que é ecológico. Então vai cair no chão aqui na rua, vai ser biodegradável. Usa menos papel”, contou Marcos.
O bloco também tem o próprio samba:
“Eco bloco na rua, consciência geral / Na batida do samba, um amor colossal / Folia ecoando, mensagem espiritual / Meio ambiente grita / Vamos cuidar, pessoal / Folhas verde dançam / Um balé natural / O povo acompanhando no ritmo especial / Reciclar a esperança, plantar um amor / Na maré da vida, somos cultivador” .
No Bloco do Pedal
Foliões curtindo o Bloco do Pedal
Foto Divulgação
A eletricidade usada para amplificar os microfones das atrações artísticas apresentadas pela cantora Filó Silva, co-fundadora do bloco, é gerada por foliões que deverão se revezar pedalando as bicicletas estacionárias.
As bikes são conectadas a um sofisticado sistema idealizado pelo engenheiro eletricista José Carlos Armelin, do Pedal Sustentável.
Se ninguém pedalar, não tem bloco. Segundo Armelin, eles não utilizam nenhum tipo de energia a não ser aquela gerada por foliões, e explica: “Se pararem de pedalar, o som acaba, pois não usamos qualquer tipo de baterias para armazenamento”.
O pedal, além de sustentável, também trabalha com acessibilidade. O cortejo contará com a presença de intérpretes em Libras (língua brasileira de sinais) e duas bicicletas adaptadas: uma para crianças pedalarem e gerarem energia ao lado de um responsável e outra que é acionada com as mãos.
Músicos e foliões na plataforma onde as bicicletas ficam fixas.
Foto Divulgação
SERVIÇO:
Bloco do Pedal
🗓️Quando: sábado (22), a partir das 15h
📍Onde: Praça Rosa Alves da Silva, na esquina da Rua Machado de Assis com a Rua Guimarães Passos, Zona Sul
Bloco Eco Campos Pholia
🗓️Quando: domingo (23), a partir das 13h
📍Onde: Avenida Luiz Gushiken, Jardim Vergueiro, Zona Sul
*Sob supervisão de Paula Lago

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