Bola de Neve: saiba quanto ganha um pastor da igreja evangélica

A batalha pelo comando da igreja tem chamado atenção e gerado curiosidade nos últimos meses. A Bola de Neve, que conta com mais de 500 templos e arrecada anualmente mais de R$ 250 milhões, possui uma grande estrutura de pastores e líderes.

Criada em 1999, em São Paulo, pelo apóstolo Rinaldo Luiz de Seixas Pereira, conhecido como Rina, a igreja cresceu e se consolidou como uma das principais do segmento neopentecostal no Brasil, além de possuir unidades no exterior. Após seu falecimento no ano passado, teve início uma disputa judicial para definir quem assumiria sua liderança.

Quanto ganha um pastor da Bola de Neve?

Informações do Glassdoor, plataforma especializada em carreiras e empregos, indicam que o salário de um pastor da Bola de Neve varia entre R$ 14 mil e R$ 16 mil. Questionada pelo Metrópoles, a instituição preferiu não se pronunciar sobre os valores.

Por outro lado, dados do Salariômetro, ferramenta da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) baseada no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostram que a remuneração média para um “ministro de culto religioso” no Brasil gira em torno de R$ 4.737.

Uma pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião (ISER) esclareceu que os valores pagos a pastores não seguem um padrão único. “Os valores variam muito. Igrejas protestantes tradicionais seguem tabelas salariais, enquanto as pentecostais possuem procedimentos diversos”, explicou.

Disputa judicial pelo comando da igreja

Após a morte de Rina, sua viúva, a pastora Denise Seixas, e o conselho deliberativo da Bola de Neve entraram em conflito pelo controle da igreja. Denise acusa o grupo de fraude e desvio de dinheiro e levou um documento com supostas provas ao Ministério Público de São Paulo (MPSP), que abriu uma investigação.

Segundo a pastora, integrantes do conselho teriam direcionado receitas da igreja para contas de outra instituição financeira, a BMP Money Plus. No processo, ela apresentou 10 comprovantes de transferências realizadas entre janeiro e outubro de 2024, totalizando mais de R$ 442 mil.

A defesa de Denise também alegou que a empresa SIAF Solutions, registrada no nome de Everton César Ribeiro, teria ficado responsável pela arrecadação dos dízimos, movimentando aproximadamente R$ 492 mil por meio de 57 notas fiscais. Essa empresa fornecia maquininhas de cartão para receber as doações.

Outra companhia mencionada no caso é a Green Grid Energy, também associada a Ribeiro, que teria prestado serviços de consultoria financeira para a igreja, declarando um faturamento de R$ 6 milhões. Além disso, a Filhos do Rei Serviços de Conservação, empresa de Kelly Cristina Ribeiro Bettio, irmã de Everton Ribeiro, também aparece no processo por ter recebido pagamentos milionários.

O que diz a igreja?

O conselho deliberativo da Bola de Neve assegura que a administração da igreja segue todas as normas legais e boas práticas de conformidade. Em nota oficial, afirmou que as contas e contratos da instituição passam por auditorias anuais realizadas por uma empresa multinacional.

Everton César Ribeiro, por sua vez, nega as acusações de Denise e garante que todos os contratos são regulares e auditados. Ele ainda ressaltou que as contratações foram firmadas quando Denise ainda fazia parte da direção da igreja, sugerindo que ela pode estar agindo de má-fé ou por omissão.

A pastora Denise Seixas, que chegou a ser reconhecida pela Justiça como presidente interina da Bola de Neve, decidiu renunciar ao cargo nesta semana. Enquanto isso, a disputa judicial pelo comando da igreja continua.

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